A deputada federal do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, é uma das lideranças femininas a compor o grupo de mulheres brasileiras que estão na 68ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação da Mulher (CSW), promovida pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil. Durante o café da manhã promovido pelo evento, na quarta-feira, 13, a parlamentar conversou com a head de conteúdo do Mundo Negro, Silvia Nascimento sobre a importância de reconhecer a economia do cuidado, feito, principalmente, pelas mulheres negras. Além disso, ela pontuou a necessidade de políticas voltadas para idosos.
A parlamentar é uma das principais referências negras femininas da política brasileira e liderou a luta em favor das empregadas domésticas – profissão que já exerceu – e das mulheres negras no país. Ela foi relatora da PEC das Domésticas, que completou dez anos em 2023 e garantiu direitos trabalhistas para os trabalhadores domésticos.
Notícias Relacionadas
Juliana Alves reflete sobre 21 anos de carreira: "Conquistei respeito e reconhecimento que não tinha antes"
"Aos 50, quem me aguenta?", Edvana Carvalho fala sobre negritude, maturidade e o empoderamento feminino em seu primeiro solo no teatro
Ao ser questionada sobre como a pauta voltada para a economia do cuidado é importante para as mulheres negras, Benedita da Silva abordou a necessidade de reconhecimento financeiro e profissionalização: “As mulheres negras nessa pauta, já fazem isso desde o processo de colonização. O que falta é ter o reconhecimento pelo trabalho não pago dessas mulheres e que hoje precisam ter um reforço de qualificação para enquadrá-la nas tecnologias existentes hoje, nos métodos existentes de hoje, de modernização das suas práticas. Isso é o que nós precisamos e isso é um cuidado, porque nós temos hoje que cuidar realmente da inclusão digital, nós estamos vivendo num mundo diferente”.
Benedita pontuou que o acesso à internet é importante para que as trabalhadoras da economia do cuidado: “Para que elas possam também estarem nas redes e poderem se comunicar e reivindicar e acompanhar todos os interesses que elas têm e as ações que vão desde o legislativo ao executivo”, explicou.
“Cuidado, sem que você reconheça principalmente o trabalho das mulheres e as mulheres negras, você não tem nenhum cuidado. Eu tenho dito isso porque nós mulheres negras já carregamos nos nossos ombros um país. Já nos trouxeram do nosso país, já nos tiraram muita coisa e hoje nós temos que resgatar. Então, onde nós estivermos há uma dívida conosco”, lembrou ao destacar o trabalho de mulheres negras no setor.
A jornalista Silvia Nascimento também conversou com Benedita da Silva sobre a longevidade da população e como ela pode impactar as mulheres negras, que em muitos casos são responsáveis pelos cuidados de seus mais velho e de seus mais novos. Ao aconselhar essas mulheres, ela foi enfática: “Eu acho que deve ir para a política, porque eu estou com 82 anos e eu estou na política e penso que todas as pessoas da minha idade têm que estar se defendendo, porque não só com relação a uma população negra, estão abandonando a nossa idade. Nós estamos sofrendo muitas violências, nós estamos sendo usurpadas, nós estamos sendo roubadas, e estão tirando aquilo que nós construímos com nossas mãos. Com as nossas forças então é preciso que tenha uma política de cuidado voltada para nós que já contribuímos e demos tudo que temos, a política é o espaço onde você tem uma vez, onde você tem uma voz, onde você grita mais forte, então eu quero falar para você idosa, idoso, principalmente negras, vamos a luta, tem espaço para nós”.
Notícias Recentes
Economia Inclusiva: O papel das mulheres negras no fortalecimento do mercado brasileiro
'Vim De Lá: Comidas Pretas': Mariana Bispo apresenta especial sobre gastronomia brasileira com origem africana