O Tribunal de Justiça do Rio tornou réu o segurança de uma loja da rede Zara no Barra Shopping, Zona Oeste do RJ, por crime de racismo. Além de denunciá-lo, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu à Justiça que o estabelecimento seja suspenso o funcionamento por três meses.
No dia 18 de junho, Henrique Durães Bernardes impediu o jogador de futebol Guilherme Quintino – que já atuou nos times de base do Flamengo e do Botafogo, de sair da loja sem mostrar onde estava as peças de roupa que ele havia desistido de comprar.
Notícias Relacionadas
Agência Pública aponta 33 políticos com antepassados relacionados com a escravidão no Brasil
Ministério da Igualdade Racial lança projeto para enfrentar racismo no transporte público do Rio
Para o Promotor, a medida tomada pelo segurança não tem uma “justificativa plausível”. “Ao se voltar contra pessoa de raça negra, sem qualquer justificativa plausível, dando-lhe tratamento constrangedor e humilhante, e que certamente não se dispensaria a outras pessoas, o denunciado impôs ao consumidor negro restrições de locomoção e exigências desarrazoadas, com potencial de causar-lhe odiosa inferiorização e perversa estigmatização”, escreveu Alexandre Themístocles.
Entre casos de racismo que ocorreram nas lojas da Zara, em 2021, foi apurado pela Polícia Civil do Ceará, que a unidade do Shopping Iguatemi em Fortaleza (CE) havia criado um “código secreto”. Com a frase “Zara Zerou“, os funcionários teriam que acompanhar pessoas negras ou com “roupas simples” dentro da loja. Uma delegada negra já foi barrada no mesmo local, antes do código vir a conhecimento público.
Em nota enviada para a reportagem do UOL, Zara disse que colabora com autoridades que investigam o caso. “A companhia não tolera nenhuma forma de discriminação e reforça que trabalha permanentemente em ações educativas vinculadas ao estrito cumprimento de seu Código de Ética e Conduta e sua Política de Diversidade e Inclusão, que também são aplicáveis aos profissionais terceirizados com os quais trabalha”, afirmou a empresa.
Relembre o caso
Em junho, o jogador Guilherme Quintino relatou a abordagem discriminatória que sofreu ao ser impedido de sair da loja da Zara no Barra Shopping, por um segurança.
Acompanhado da namorada, Juliana Ferreira, o atleta experimentou algumas roupas e decidiu adquirir um casaco e uma calça de moletom, que ele colocou na sacola disponibilizada pela loja para clientes no período de compras. No entanto, com a possibilidade de promoções no dia seguinte, decidiram voltar para finalizar a compra depois.
Porém, o segurança o questionou sobre a sacola na saída da loja. O jogador afirmou que deixou a sacola no setor masculino, mas o segurança exigiu que ele o levasse até o local onde a sacola estava. Guilherme ressaltou que sua namorada, uma mulher branca, não foi questionada em nenhum momento. Ela quem filmou toda a situação para ajudar a denunciar o crime na internet.
Notícias Recentes
Grace Jabbari retira processo federal por agressão e difamação contra o ex-namorado, Jonathan Majors
Agência Pública aponta 33 políticos com antepassados relacionados com a escravidão no Brasil