O Festival Afrofuturismo, realizado pelo Vale do Dendê, chega ao seu segundo e último dia, nesta terça-feira (21), no Centro Histórico da capital baiana. “A força feminina e o protagonismo no empreendedorismo e na geração de renda dos territórios” foi tema no painel conduzido pela empreendedora e vereadora do município de Alagoinhas, Juci Cardoso e mediado pelo vice-presidente da Cufa Brasil e Presidente da Cufa Bahia, Márcio Lima, no Largo Tereza Batista.
Ao longo dos anos, o empreendedorismo feminino tem crescido. De acordo com uma pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor, realizada em 2022, as mulheres são 42% das pessoas empreendedoras no mundo, um aumento de 6% em relação ao ano de 2021. Já no Brasil, em 2022 as mulheres representavam 34% dos empreendedores, este número aumentou em 5%.
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Para avançar nessa estatística, é necessária a construção de alternativas onde mais mulheres tenham oportunidades. Ponto destacado por Josi Cardoso, durante sua participação no Festival, para que o público pensasse na importância do se aquilombar. “Precisamos que iniciativas importantes como essa cheguem em outros territórios, para além da capital. O aquilombamento não será real se falarmos apenas das nossas dores, precisamos pensar de forma coletiva”.
Josi decidiu empreender após ter passado por algumas experiências ruins, quebrou em um ano, mas decidiu estudar para entender como funcionava a licitação no setor privado e entendeu que potencializar negócios, é pensar em todas as dores que atravessam os mais vulneráveis, inclusive, na negação de direitos.
“O racismo nos atravessa retirando a nossa autoestima, por isso, acho que é tão importante a minha presença como mulher preta, do interior, de território, e que está aqui. Nós precisamos interiorizar, não apenas as políticas públicas, mas, dialogar sobre o nosso perfil, do nosso Estado, que é um perfil majoritariamente de monoparentalidade. A maioria dos nossos lares, não apenas da capital, mas também do interior, são chefiados apenas por mulheres e mulheres empreendedoras”.
A mulher se torna empreendedora no momento que precisa sair de casa para vender produtos, quitutes, artesanatos e, através disso, buscar condições melhores para cuidar de si e da própria família.
O Presidente da Cufa Bahia, Márcio Lima, trouxe uma observação, a partir de vivências pessoais, de como muitas vezes a mulher se sobrecarrega exercendo outras funções, para além da maternidade, empreendedorismo e como isso impacta em outras áreas de sua vida.
“Eu sou filho de mãe solo e sou resultado dessa luta de minha mãe e de minha avó, que foi muito árdua. Nós somos condicionados a nos calar e muitas vezes isso impacta na nossa autoestima, a gente precisa se libertar disso. A importância de programas como esse como a Ifood Acredita é imensa, para que o nosso povo invista, potencialize e mostre do que é capaz”.
Em Alagoinhas, por exemplo, a arte das mulheres que fazem trançados de piaçava vai com frequência para o eixo Rio-SP e, apesar disso, a vida dessas mulheres não muda. Diante disso, Josi acredita que existe uma necessidade de discutir qual é o papel também dessa visibilidade que o movimento toma na capital para desenvolver e não pensando apenas na subsistência, mas pensando em criar, em potencializar negócios.
“É algo que a gente precisa discutir. Inclusive outras nuances e possibilidades de negócios, como as compras públicas e corporativas que o empreendedorismo ainda não acessa, sobretudo no interior”, finalizou.
O Festival é realizado pelo Vale do Dendê como parte da programação do Salvador Capital Afro. Confira a nossa cobertura nos stories do Instagram @sitemundonegro.
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