O advogado e ativista Bruno Candido passou por um caso de racismo em uma viagem de Uber quando ia para a faculdade, na última sexta-feira (06), mas chegando na delegacia o policial se negou a registrar sua denúncia. O caso aconteceu no 4ºDP, no Rio de Janeiro, onde o inspetor já se recusou a registrar outras denúncias de racismo.
Bruno estava indo para a faculdade de Artes Cênicas de Uber, quando o motorista identificado como Edson parou de seguir a rota do aplicativo. Ele então questionou o motivo e o motorista começou a discutir e disse que iria levá-lo para delegacia. Bruno decidiu prosseguir, mas chegando lá foi ignorado pelo inspetor que se recusou a fazer a ocorrência.
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“Lá [o motorista] disse que eu não quis descer do carro e que era agressivo. O policial entendeu que eu não pratiquei crime. E aí eu disse que o motorista praticou crime de racismo contra mim e que queria registrar a ocorrência. O policial negou. Eu disse que a lei estadual 2235 me garante esse direito, e que queria que no mínimo ele fizesse a qualificação do motorista (que ali revelou que também era advogado) e o policial liberou ele”, comentou o advogado.
Em um dos vídeos gravados por ele, é possível ver o policial ignorando enquanto come uma sobremesa. Logo em seguida, ele atende o celular e sai da sala deixando Bruno sozinho.
Bruno teve que aguardar outro policial e explicar toda a situação. Depois de muita insistência, o policial registrou a ocorrência dele como “medida assecuratória de direito futuro”, quando não há investigação sobre o caso.
Segundo Bruno, o policial que se recusou a fazer o B.O é conhecido como inspetor Campos e possui um histórico de se recusar a fazer ocorrência em casos de racismo. Em outra situação, ele se negou a atender quatro jovens negros que foram acusdos de roubar os próprios celulares, mesmo sendo comprovado que eles eram os donos dos aparelhos. Em outro caso, oito advogados negros foram proibidos de entrar no DP para registrar ocorrência de racismo e abuso de autoridade contra uma mulher branca.
“O Estado do Rio de Janeiro ignora a Lei 2235/89, que há 35 anos, garante o registro da ocorrência em casos de racismo. O meu interesse é articular o diálogo com a chefia da polícia civil para garantir o cumprimento da lei, o tratamento digno nas delegacias, e o acesso à cidadania de pessoas negras.”
RESPOSTA DA UBER
Em nota, a empresa Uber, relata que o motorista que aparece no vídeo foi desligado do aplicativo:
A Uber não tolera qualquer forma de discriminação e informa que a conta do motorista já foi desativada da plataforma. Em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quant
às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. Além disso, em parceria com o MeToo, a Uber disponibiliza um canal de suporte psicológico que será disponibilizado ao usuário.
A Uber busca oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis a todos. A empresa reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o app.
Sabemos que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos nós combatê-lo. Como parte desses esforços, a Uber lançou, por exemplo, o podcast Fala Parceiro de Respeito, em parceria com a Promundo, com conteúdos educativos sobre racismo. Além disso, em parceria com as advogadas da deFEMde, a empresa revisou o processo de atendimento na plataforma, a fim de facilitar as denúncias de racismo e acolher melhor o relato da vítima. Em 2021, a Uber também lançou uma campanha que convida usuários e motoristas parceiros para serem aliados no combate ao racismo. A iniciativa tem o objetivo de promover um conteúdo educativo dentro do próprio aplicativo e é parte de um compromisso global assumido pela empresa em 2020 com o objetivo de combater o racismo e criar produtos igualitários por meio da tecnologia.
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