“As empresas preferem ser racistas do que capitalistas”. Esta fala de Raphaella Martins, Gerentes de Contas da agência da J. Walter Thompson, durante o II Fórum Sim a Igualdade Racial, realizado no última dia 5 de outubro, em São Paulo, parece ser uma explicação acima do razoável para explicar a falta de representatividade dos negros na publicidade brasileira.
A premissa de que negro não compra é facilmente desmentida por números. De acordo com o Instituto Locomotiva de Ricardo Meirelles, que também estava no evento promovido pelo ID_BR, até o final de 2017, a comunidade negra brasileira terá movimentado aproximadamente R$ 1,62 trilhões de reais.
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“O Brasil negro seria o 11º pais do mundo em população e o 17º em consumo”, explica Mereilles que na época do DataPopular foi pioneiro em vários estudos sobre consumo de Classe C. “Se os negros formassem um país estariam no G20 do consumo mundial”, completa o pesquisador.
Outros dados da pesquisa mostram que os negros representam um grupo de 20 milhões de pessoas com intenção de comprar móveis para casa, 12 milhões com intenção de comprar uma TV e 10 milhões planejando comprar um Smartphone nos próximos 12 meses.
Tem muito empresário perdendo oportunidade de negócios ao não pensar em estratégias que dialoguem com a comunidade negra. E isso vai além do rosto negro na propaganda. Propósitos honestos abraçam seu público também com ações sociais, como vemos grandes marcas dando suporte a projetos destinados a mulheres.
A visão dos negros publicitários
Vagner Soares, Assistente de arte na agência Artplan e sua colega de agência, a analista de mídia Letícia Pereira, falaram durante o evento sobre sua experiências profissionais onde eram sempre os únicos negros nas agências.
“Eu sinto agora que as mudanças estão acontecendo, elas são pequenas, mas muito significativas”, comentou Letícia.
Ela e Vagner fizeram um “manifesto” chamado Dear Artplan People para conscientizar seus colegas de trabalho sobre o racismo e suas nuances de forma didática, levando-se em conta que a maioria é branca e provavelmente nunca refletiu atitudes racistas que cometem no cotidiano sem notar.
“As pessoas brancas não ficam pensando em fazer mal pra gente, a grande maioria desconhece as questões sociais do país mesmo”, ponderou Raphaella da JWT, uma das responsáveis pela implementação do Programa 20/20 que selecionou um grupo de 20 estagiários negros na agência.
Consenso durante o debate, que contou ainda com a assessora de Youtubers Egnalda Côrtes, foi o fato que a presença de negros em cargo de poder faz toda a diferença.
Campanhas racistas, como a do caso da campanha da Dove nos EUA , são indícios de que nem sempre a negra no casting mostra uma preocupação real com a diversidade.
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