Texto: Ivair Augusto Alves dos Santos
No dia da posse do novo presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, o auditório principal do Palácio do Itamaraty, em Brasília, estava repleto de lideranças negras do país, representantes do movimento negro, dos povos de terreiro, do corpo diplomático internacional e de autoridades brasileiras.
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Além do hino nacional brasileiro, foi executado o hino da África do Sul, em homenagem ao Dia Nacional do país, o Dia da Liberdade. Celebrada no mesmo dia que a posse, a data relembra as primeiras eleições democráticas sul-africanas: realizado em 27 de abril de 1994, o pleito resultou na eleição de Nelson Mandela, o primeiro presidente negro do país.
O respeito à ancestralidade e aos povos de terreiro também marcou a abertura da solenidade. O Grupo Obará executou o Canto de Saudação para Exu, abrindo os caminhos da nova gestão da Palmares.
Após assinar o termo de posse, João Jorge relembrou o histórico de resistência do corpo de servidores da fundação. “A Palmares não é minha, não é nossa, é do povo brasileiro, da sociedade brasileira. Por isso essa instituição republicana, federativa, tem sido tão perseguida e tão caçada, a ponto de se pensar em trocar o nome da fundação”, relembrou.
Na ocasião, o presidente também anunciou a retomada da logomarca tradicional da instituição – o machado de Xangô –. “O símbolo da fundação é um machado, é o símbolo da justiça, imaginado por vários povos africanos. Mas também é o símbolo de um poderoso orixá, Xangô. Ontem, para a honra e glória nossa, este símbolo voltou à Fundação Palmares. Temos um símbolo poderoso para lutar por justiça e por igualdade. Nós venceremos essa luta!”, celebrou.
João Jorge pretende realizar um 20 de novembro com atividades em todos os estados do país. Elaborou uma correspondência para todos os governos estaduais e somente dois governos não mostraram interesse: Paraná e Santa Catarina.
Uma articulação nacional para retomar as celebrações de Zumbi dos Palmares será uma das metas da nova administração. A Fundação historicamente sempre lutou por recursos humanos e materiais, mas o legado da ex-diretoria deixou uma situação muito difícil, com problemas de falta de pessoal e um orçamento muito pequeno.
O novo momento da Fundação Palmares conta com muito apoio da comunidade negra e um espírito de colaboração da maioria das lideranças do movimento negro.
A posse impressionou pelo simbolismo ao ser realizada no Itamaraty, o que mostrou o interesse em internacionalizar as atividades da Fundação. Os países africanos deverão merecer uma atenção especial.
A presença de Exu, para abrir os trabalhos foi muito impactante, pois trouxe a coragem de valorizar uma dimensão espiritual impensável de se pensar a sua realização em muitas localidades do país. Um grito contra a intolerância religiosa e o respeito a nossa ancestralidade. Salve Fundação Cultural Palmares.
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