Ele provavelmente vai pedir desculpas e dizer que está aprendendo. Marcos Mion, apresentador do Caldeirão, da Globo, postou em sua conta do Instagram uma foto com seu time, celebrando 2022. Em meio aos comentários elogiosos de uma figura que é muito querida e carismática, há quem notou a ausência da diversidade.
Propositalmente ou não, a foto em preto e branco não conseguiu disfarçar a totalidade branca de um time que trabalha para um profissional popular, de um canal popular em um dos países mais negros do mundo.
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Não dá para normalizar ter um time 100% branco e depois dizer que é antirracista. Ser contra o racismo não é usar personagens negros para fazer a audiência chorar ou rir. Mas estamos cansados de explicar.
Alertar sobre a contratação de pessoas pretas não é discurso vitimista. Há pessoas negras competentes para fazer parte da equipe do Mion, mas pessoas brancas não internalizam práticas antirracistas no seu dia a dia, porque não levam a sério, não priorizam, não veem problemas até nós, “os chatos”, alertamos.
Porém, para além disso, o que preocupa é pensar no perfil demográfico do time envolvido com esse apresentador e o público que ele serve. A Globo é um canal popular, existe a versão streaming, mas o canal aberto alcança todo o país. Não é equivocado dizer que as classes mais baixas acessam os canais abertos e portanto, na ausência do cardápio de Netflix e Prime, devem consumir programas mais popularescos como o Caldeirão.
Quais os insights das classes populares, para além dos dados de pesquisa, uma equipe não diversa pode trazer? Das suas viagens? Estamos falando de entretenimento. Quem, desse “white team” do Mion, conhece a realidade das pessoas pretas que representam mais da metade da população que consome os produtos dos anunciantes que pagam os salários deles?
Ser um comunicador social sem uma equipe etnicamente diversa não faz o menor sentido.
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