Plataforma virtual será lançada neste sábado (1º).
Histórias de grandes nomes da música preta brasileira como Elza Soares, Tia Ciata, Majur, Tony Tornado e Sandra de Sá vão estar reunidas no Museu Memórias da Música Preta (MMMP), que será lançado no próximo sábado (1). O acesso à plataforma virtual será livre e gratuito para conhecer os arquivos sobre a história e cultura da música preta no Brasil. O lançamento acontecerá às 15h no MUHCAB – Museu da História e Cultura Afro-Brasileira, no Rio de Janeiro. O evento vai contar com a apresentação do museu virtual, um bate-papo com os idealizadores do projeto e ainda um pocket show do Grupo Missa Criola.
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O vasto material tem sido obtido através de pesquisa iconográfica, documental, fílmica, sonora e discográfica desse movimento musical para a geração de conteúdo do site. E para complementá-lo, será realizada uma circulação, com educadores, visando compartilhar o tema com alunos do Ensino Médio da rede pública de ensino do Rio de Janeiro e Salvador. A iniciativa tem patrocínio do Banco BV e da Lei de Incentivo à Cultura.
“O MMMP nasceu da necessidade de resgatar, dar voz, vez e visibilidade aos artistas pretos da música brasileira, a maioria invisibilizados. Este site será uma ferramenta para conhecer e reconhecer cantoras, cantores, compositoras e compositores que tem grande importância na formação da nossa identidade musical, realçando o protagonismo destes artistas com a intenção de combater o racismo estrutural, criando sentimento de orgulho e pertencimento para a população negra brasileira”, ressalta o produtor Rafael Braga, um dos idealizadores da iniciativa, elaborada pela Criamos Agência de Cultura.
O Museu Memórias da Música Preta estará acessível num site inovador e com informações relevantes, de fácil compreensão e acessível para pessoas com deficiência visual e auditiva,além da versão em inglês. No primeiro ano de funcionamento do museu virtual o público encontrará dois recortes a serem abordados – “Dura na queda”, espaço que mostra o que as pretas e suas histórias têm em comum; e “Ninguém fica parado”, abrangendo o funk desde o movimento black dos anos 1970 até o charme e o funk dos anos 1990.
“Vamos focar em algumas artistas que acreditamos que devem ter mais destaque neste momento, dentre elas Tia Ciata, Majur, Jovelina Pérola Negra e Elza Soares, na pesquisa sobre mulheres duras na queda. Sobre o movimento black destacamos, entre outros, o Gerson King Combo, Tony Tornado, Ademir Lemos e Sandra de Sá. O projeto traz encantamento, uma vez que buscamos diálogo com alguns artistas através de entrevistas exclusivas e imagens que trazem a história da música preta à tona”, adianta Simone Nascimento, que também idealizou o projeto.
Atentos às gerações futuras, os idealizadores se preocuparam em desenvolver uma circulação para apresentar ao universo escolar estas personalidades e suas produções através de ações educativas em escolas públicas. Para valorizar ainda mais a produção musical brasileira, o projeto lança mão de jogos de tabuleiro com perguntas e respostas como forma de auxiliar na compreensão do conteúdo do site. A circulação acontecerá em oito escolas, quatro no Rio de Janeiro e outras quatro em Salvador, que serão selecionadas pelo projeto, sendo duas apresentações por escola.
Na capital carioca haverá ainda a circulação em mais três equipamentos culturais da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro para apresentar o projeto e realizar os outros shows com artistas pretos independentes. Para esta ação, que acontecerá nos dias 17 e 18 de novembro, foi convidada a atriz Verônica Bonfim, que realizará uma contação de histórias a partir do livro “A Menina Akili”, de sua autoria, na Arena Fernando Torres (Madureira) e na Lona Cultural Gilberto Gil (Realengo). No dia 19 de novembro, a Sala Baden Powell receberá um grande show com o grupo Samba Que Elas Querem.
Durante o desenvolvimento do conteúdo do MMMP, houve a preocupação de desmistificar e elucidar histórias que não foram contadas – ou contadas de forma equivocada – sobre os artistas pretos. “Esta é uma das nossas principais premissas. As entrevistas revelam histórias de bastidores e contam a trajetória do artista, ou movimento no qual eles participaram de forma leve e inédita. Os artistas ficaram honrados com o convite e gratos pela lembrança em participar deste projeto”, reitera Paulo Pereira, outro idealizador do projeto.
A ideia do projeto passa ainda pela sensação de que a visibilidade e acesso à trajetória da música preta precisava estar mais próxima de todos, como oportuniza um museu virtual gratuito. “O racismo não permite que artistas pretos tenham a mesma visibilidade que artistas brancos. E isso se reflete na sociedade como um todo, a população não tem acesso ao conhecimento. Projetos como o Museu Memórias da Música Preta trazem pertencimento, formação de público e acesso à cultura para pessoas de maior vulnerabilidade social, através de ações em escolas e centros culturais”, finaliza Simone Nascimento.
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