O livro ‘O Último Ancestral’, do escritor brasileiro Ale Santos, ganhará uma adaptação visual para as telas. Dentro da obra, o autor apresenta o Brasil num futuro distópico e traça um paralelo entre a realidade do país com referências às favelas, a religiões diversas, ao Carnaval e questões sociais, como segregação racial a racismo estrutural. “Comecei a escrever porque escrever é o mais próximo daquilo que a gente tem, é um papel, uma caneta e suas ideias. De repente, alguém chega e fala ‘quero transformar isso numa adaptação para a TV’, então isso é romper todos os limites que eu imaginei”, diz Ale em conversa com o jornalista Arthur Anthunes, para o MUNDO NEGRO.
A informação de que ‘O Último Ancestral’ ganharia uma adaptação visual veio logo após o lançamento do livro, em dezembro de 2021. “Isso é muito maior do que pensei que pudesse realizar. De verdade, por mais que fazer filme fosse um sonho, era aquele sonho quase que idílico, no plano do sonhar e não do mundo real. Então quando alguém chegou e rachou essa barreira do sonho e realidade eu fiquei muito ansioso”, conta o autor, ao destacar a ansiedade com a notícia. “Eu já sabia disso há alguns meses, quando lancei já surgiram algumas propostas de adaptação. Desde então, conversamos com vários streamings e produtoras. Então na minha cabeça já estava acontecendo. Imagina minha ansiedade, tive que segurar durante meses essa informação. Minha vontade era em dezembro mesmo já sair gritando que ia virar série, filme, ou uma adaptação, algo nesse sentido”.
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Com o objetivo de desenvolver uma produção audiovisual baseada no livro, a editora HarperCollins fechou parceria com a empresa RT Features. Ale Santos não esconde a felicidade em revelar esse novo passo em sua carreira. “É o topo que um escritor negro e periférico pode chegar. Sou o cara que era fã de Senhor dos Anéis, fã de ficção científica“, destaca ele. “Estamos vivendo um momento muito especial para ficcionistas negros no mundo. Não existe nada mais pop hoje do que a produção especulativa negra. O que tem feito sucesso são produções escritas por pessoas negras. Não tem como segurar isso, ficcionistas negros são pop e estão falando com todo mundo, criando narrativas poderosas. Tem a ver com o quanto o imaginário do mundo está reconhecendo nosso poder e nossa habilidade de contar histórias”.
Ale também conta que deseja apoiar e incentivar a ascensão de novos ficcionistas negros, utilizando seus acessos como uma forma de apoio e suporte. “Estou pensando em de alguma forma, apoiar o mercado, como fazem nos Estados Unidos. Apresentar conversas, mostrar pessoas, indicar histórias e indicar esses acessos que estou conseguindo no mercado audiovisual e também nas editoras, afinal nem todos os escritores de afrofuturismo estão nas editoras”, diz ele. “Quero usar com que a minha influência e o espaço que estou ocupando seja um ponte para que outras pessoas cheguem ali também. Ainda faltam que outros escritores ascendam nesses espaços. Sou o primeiro autor de afrofuturismo a publicar numa grande editora nesse país. Ainda tem outros nomes como Sandra Menezes, como Lu Ain–Zaila, como José Roberto que estão publicando em boas editoras mas podem ter estruturas grandes como a HarperCollins e outras editoras nacionais“.
Ainda não foi revelado detalhes sobre a forma como ‘O Último Ancestral’ será adaptado. Datas também não foram anunciadas.
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