Com transmissão nas redes da Globo, nos dias 22 e 23 de Abril, entram na avenida as escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A novidade deste ano fica por conta de Maju Coutinho, que estreia como apresentadora do especial, ao lado do veterano Alex Escobar, tendo ainda a companhia dos comentaristas Milton Cunha e Pretinho da Serrinha. “A expectativa pela retomada do Carnaval é grande. Estou muito alegre com esse reencontro com a minha ancestralidade, chego pisando devagarinho, mas muito feliz com essa oportunidade de apresentar essa festa grandiosa”, celebra Coutinho.
Considerando o carnaval como um período de ancestralidade, negritude e força, Maju Coutinho conta, em entrevista, detalhes sobre suas experiências e os momentos inesquecíveis do período festivo.
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Qual a importância do samba e do Carnaval para a cultura brasileira? E também para as comunidades?
Maju: O Carnaval é a expressão máxima da cultura brasileira, manifestação cultural mais importante desse país, está no DNA do povo brasileiro e traz a ancestralidade preta. O Carnaval não alimenta só a alma dos integrantes das escolas, ele também é uma indústria que coloca comida na mesa de muita gente que passou por um período difícil nessa paralisação por causa da pandemia e mostrou resiliência, porque continuou na luta. Muitas escolas apoiaram a comunidade, apesar de não haver a festa, então esse retorno é importantíssimo para alimentar também o espírito carnavalesco e para movimentar essa indústria que é a nossa Hollywood.
O que é carnaval pra você?
Para mim, Carnaval é ancestralidade, negritude, força, alegria, disciplina e devoção. Quem acompanha de perto a preparação das escolas de samba acredita em como aquilo é quase uma seita. Eu diria até que é mais forte do que a emoção e a comoção do futebol, pelo que eu percebi nas visitas que fiz aos barracões e às quadras. Pra quem vê de fora, é a festa, a leveza, a alegria, mas pra quem vê de dentro, vê muita disciplina, as pessoas seguindo ordens, cumprindo, fazendo com amor. É incrível ver a capacidade de coesão sem ponto eletrônico, uma galera interagindo, fazendo aquilo acontecer. É mágico.
Cite um carnaval inesquecível pra você:
Eu costumo lembrar dos sambas que me marcaram, e acho que esse marcou muita gente: ‘Peguei um Ita no Norte’, do Salgueiro, de 1993. Um carnaval que eu não lembro de ter assistido, mas que está na memória também por conta da sonoridade é ‘Bum Bum Praticumbum Prugurundum’, do Império Serrano, de 1982, e os carnavais de São Paulo, porque eu sou paulistana. Eu ia à quadra da Nenê de Vila Matilde e tenho a lembrança da quadra da escola mais do que o desfile na avenida. Aquela bateria chegando na minha alma é inesquecível na memória carnavalesca de quem é paulistana.
Depois de dois anos de espera, você acha que esse carnaval será memorável, um dos maiores de todos os tempos?
Eu acho que depois desse período de quase dois anos de paralisação por causa da pandemia, o retorno da festa tem tudo para ser inesquecível, como relatam ter sido o carnaval de 1919 após a pandemia da gripe espanhola. E todos cairão com avidez, com voracidade, para aproveitar essa retomada. E é muito curioso, porque percebemos isso nos barracões que eu e o Alex Escobar visitamos. Vários integrantes das escolas falam que não vão cantar o samba, vão berrar e tirar esse engasgo após a paralisação.
Os trabalhadores que fazem o carnaval acontecer
Numa preparação intensiva para apresentar os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio, Alex Escobar e Maju Coutinho visitaram todos os 12 barracões das agremiações na Cidade do Samba, se aproximaram da classe trabalhadora diretamente ligada à feitura do maior espetáculo da Terra e fizeram um ensaio fotográfico para homenageá-los.
No ensaio, os dois assumiram, com reverência, o posto de costureiras, aderecistas e conferiram de perto a trabalho de soldadores. Nas agremiações uma verdadeira romaria aconteceu a cada visita. “Esse é o meu 9º carnaval como âncora das transmissões, mas neste ano com uma diferença fundamental, que é o fim da espera. Todas as escolas estão muito entusiasmadas, mas agora está mais do que o normal, numa ansiedade pela volta do desfile. E junto com isso temos a chegada da Maju. Ela, como mulher preta, gera uma identificação. Quando ela chegava nas escolas, o povo preto queria dar um abraço, tirar uma foto, recebê-la de braços mais abertos ainda. Ela é encantadora, cativa todo mundo”, elogia ele sobre a colega, que faz sua estreia na transmissão dos desfiles.
“Procurei absorver aquela energia, sentir o que se passa na cabeça de cada um desses operários do samba e foi muito especial. Entre todos os envolvidos com o carnaval, eles foram os que mais sofreram com a pandemia. Deu pra sentir a força do motorista que leva o carro até a Avenida, que é uma coisa inacreditável”, explica Escobar. Maju faz coro sobre a importância de valorizar esses profissionais: “O carnaval não alimenta só a alma dos integrantes das escolas, ele também é uma indústria que bota comida na mesa de muita gente que passou por um período difícil nessa paralisação por causa da pandemia, que mostrou resiliência e seguiu na luta. Esse retorno é importantíssimo para alimentar também o espírito carnavalesco e para movimentar essa indústria que é a nossa Hollywood”.
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