O ‘samba abstrato’ das mulheres brancas no Carnaval 2022

0
O ‘samba abstrato’ das mulheres brancas no Carnaval 2022
Foto: Reprodução/Instagram

Quem não se encantou com o vídeo da Mayara Lima, princesa de bateria da escola de samba Paraíso do Tuiutí (RJ), em uma sincronia de milhões no ensaio técnico na avenida, com muita desenvoltura e samba no pé?

O vídeo já alcançou mais de 5 milhões de visualizações e alertou para um problema na maioria das escolas de samba: as mulheres brancas – que não sabem sambar, ocuparem cargos de rainhas de bateria e tiraram a representatividade de mulheres negras que se dedicaram ao samba desde a infância.

Notícias Relacionadas


https://twitter.com/sou_mayaralima/status/1504625802461253635

Uma pesquisa levantada pela Alma Preta Jornalismo com 14 escolas de samba no Grupo Especial de São Paulo, são 13 rainhas de bateria e três musas da Águia de Ouro, sendo 8 são mulheres brancas, 7 são negras e 1 é amarela.

Se as musas, que substituíram o título de rainha de bateria na Águia de Ouro, não fossem consideradas no levantamento, as mulheres brancas ainda teriam maior protagonismo entre as rainhas do carnaval. Seriam 7 rainhas brancas, 5 negras e 1 amarela.

No Rio de Janeiro segue o mesmo padrão. Das 12 escolas de samba do Grupo Especial, 6 são brancas, 5 negras, e 1 é amarela.

‘Samba Abstrato’

Com a repercussão do caso da Mayara, foi exposto que a rainha de bateria do Paraíso do Tuiutí, Thay Magalhães, pagou R$500 mil pelo posto e ela teria pedido o ressarcimento ao presidente da agremiação, Renato Thor, com as comparações de desenvoltura no samba entre ela e a princesa.

A página ‘Samba Abstrato’ tem compartilhado vídeos de musas e rainhas brancas das agremiações, que não consideram juz ao título, desde 2015. No Facebook, com mais de 24 mil curtidas, a página apresenta o objetivo do conteúdo. “Não é porque é engraçado, que não é uma análise estética da apropriação cultural no espetáculo carnavalesco”, diz na bio.

Recentemente, a comentarista política da CNN, Gabriela Prioli gerou revolta nas redes sociais ao se declarar “musa intelectual do carnaval” e considerar que estava “descontruindo estereótipos”, após ser apresentada nesta semana, como musa do Camarote N°1 da Sapucaí.

No Facebook, os membros manifestaram o repúdio contra a fala dela, e a concederam o Troféu Musa do Samba Abstrato. Até o momento, Gabriela não se manifestou sobre a repercussão negativa sobre a fala dela na web.

“Hoje a gente vê juíza, médica, pessoas que já tem a voz de destaque em outras áreas, mas que querem ser destaque nessa cultura que não tem nada a ver com essa e quer ser rainha da bateria só porque ela foi duas, três vezes no ensaio”, diz uma das administradoras da página.

E complementa, “Pra quem acompanha o Carnaval, como é o nosso caso, desde antes, quando ele era lá na avenida São João, Avenida Tiradentes e que eram praticamente apenas famílias pretas que frequentavam e não tinha TV Globo porque antes não tinha transmissão, as musas não estavam lá”.

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

No posts to display