Anaa Jibicho e Lamah Bility viviam no mesmo bairro de St Paul, no estado norte americano de Minnesota. Eles se conheceram no ônibus escolar, ainda durante o ensino fundamental, e como refugiados africanos, logo acabaram se tornando melhores amigos, unidos por uma história de vida muito semelhante. Agora, anos depois, eles se juntaram para realizar um sonho em comum: levar água limpa e potável para os seus países de origem.
Jibicho conta, que na Etiópia chegou a perder dois de seus irmãos mais velhos por problemas relacionados ao consumo de água, quando ainda eram crianças. Ele mesmo, enfrentou uma grave doença por contaminação aos dois anos de idade, mas conseguiu ser tratado no Quênia. Enquanto Jibicho enfrentava essa situação na Etiópia, Bility, que agora tem 24 anos, travava sua própria batalha na Libéria: Ele caminhava descalço por três horas todos os dias para buscar água em um riacho. Depois enchia varias latas, e levava para casa, onde elas eram fervidas antes de serem usadas para consumo, higiene e preparo de alimentos.
Quando Jibicho tinha 7 e Bility 11 anos, suas famílias se mudaram para os EUA. Mesmo após isso, a realidade desses milhões de pessoas ao redor do mundo não saíram da cabeça deles, e Jibicho diz: ”é fundamental contarmos nossas histórias. As pessoas normalmente vêem números e realmente não sabem o que isso significa. Esses números são pessoas reais.”
No verão passado, eles lançaram a empresa de garrafas d’agua ”Didomi”, que destina 50% de seus recursos para financiar projetos que visam melhorar a acessibilidade de água segura na África. É estimado que eles já tenham ajudado 50 mil pessoas a terem acesso a água potável por 10 anos. As garrafas são vendidas a U$28,00 (cerca de 158 reais). O compromisso da empresa com a crise hídrica, atraiu os olhares da Universidade George Washignton, que vai distribuir unidades da Didomi aos seus alunos, funcionários e professores.
De acordo com a ONG parceira do projeto, Water Is Life, cerca de 6 mil pessoas morrem todos os dias por complicações da crise hídrica. “Como dois jovens refugiados da África vindo para a América, a única coisa que tínhamos era esperança”, disse Bility. “E é isso que queremos dar ao mundo.”
Na África, a água potável era escassa para eles. Agora, lutam juntos contra a crise global com suas próprias garrafas.