Bell Marques assinou nesta segunda-feira (14) um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) e mudou a letra da música de trabalho, “Cabelo de Chapinha”. A versão original causou revolta nas redes sociais e coletivos de mulheres negras por conter versos que ridicularizam o cabelo crespo e incentivam mulheres a alisarem os fios para serem aceitas pelos homens.
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A composição de Felipe Escandurras, Fagner e Gileno causou polêmica nas redes sociais sob acusação de racismo. A música foi lançada no Carnatal no início do mês de dezembro. Após as críticas, o cantor chegou a se posicionar em sua página oficial no Facebook. Quem se manifestou contra a música na página do cantor, foi instantaneamente banido.
O TAC prevê que o cantor faça publicidade de combate ao machismo e racismo, no seu trio elétrico, durante o Carnaval 2016, e crie uma cartilha para promover a não discriminação às mulheres. “É preciso ter o entendimento, tanto de cantores e compositores, do que uma música é capaz de fazer no campo cultural na perspectiva do negativo. Esperamos que essa nova música faça a gente ficar feliz”, conclui.
Pelo Facebook, Bell afirmou que foi ao MP por “livre e espontânea vontade” ao local” e que gostou da nova versão da letra. “Levei comigo meus amigos compositores da canção ‘Cabelo de Chapinha’ que, prontamente durante a conversa, resolveram fazer as modificações necessárias para assegurar que nenhuma mulher se sentisse desrespeitada. Sem dúvida, a música ficou mais bonita e fará parte dos grandes hits do nosso verão”, escreveu.
A promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (Gedem) do Ministério Público da Bahia, Márcia Teixeira, informou, nesta segunda-feira (14), durante a audiência pública “O Silêncio das Inocentes: um Debate sobre Estupros na Bahia”, na sede do órgão, que o cantor Bell Marques e os compositores da música “Cabelo de Chapinha” assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para alteração da letra, que foi considerada racista e machista por diversas entidades de mulheres e da população negra, entre elas a Rede de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa.
Veja a nova letra:
“Minha Deusa, dia de salão
Lindo é seu jeito, todo mundo gosta de te ver
Me traz seu coração
Que esta noite só vai dar eu e você
Com esse amor ninguém pode
Só água na cabeça
Pra apagar o fogo
Ô, mainha,
Eu também gosto de cabelo de chapinha, mainha”
Agora, compare com a antiga:
Minha nega, vai lá no salão faz aquele corte que seu nego gosta de te ver
Me traz seu coração, porque essa noite só vai dar eu e você
Com esse amor ninguém pode
Só água na cabeça
Pra apagar o fogo
Ô mainha, mas eu só gosto do cabelo de chapinha, mainha
Ô tá liso, tá lisinho. Tá liso, tá lisinho
Tá liso, tá lisinho. Tá liso, tá lisinho
Ô mainha, mas eu só gosto do cabelo de chapinha, mainha
Ô tá liso, tá lisinho. Tá liso, tá lisinho
Tá liso, tá lisinho. Tá liso, tá lisinho
Confira outras canções com letras racistas
“Os cabelos dela parece Bombril de ariar panela( …) eu não aguento, é grande o seu fedor.”
https://www.youtube.com/watch?v=LrDuISP8aWk
“Como a cor não pega, mulata quero seu amor”
https://www.youtube.com/watch?v=C36_dl1W72Q
“Nega do cabelo duro que não gosta de pentear (…) o negão começa a gritar ‘pega ela aí, pela ela aí.”
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