Acervo de peças de Sua Majestade OOni de Ifé já recebeu milhares de acessos desde seu lançamento em julho
A busca pelo conhecimento e conexão com a ancestralidade são pontos determinantes para o sucesso da exposição virtual “Tesouros dos Nossos Ancestrais”. Lançada em julho, a mostra virtual traz à cena parte do acervo da maior coleção de arte iorubá fora da África pertencente à sua Majestade o Rei OOni de Ifé com o propósito de contar a história de Oduduwa e seus descendentes através de esculturas produzidas na vasta terra iorubá, por artistas de povos como Egba, Oyo, Ifé, Ijexa entre outros.
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Dividida em duas partes, Asé e Ori, a exposição apresenta obras milenares e contemporâneas, um verdadeiro tesouro histórico, religioso e cultural, que configura mais uma importante forma de aproximar as culturas, auxiliando o povo brasileiro a conhecer melhor suas origens, heranças, histórias e até feições, possibilitando este intercâmbio cultural entre povos irmãos, trabalho que vem sendo feito de forma intensa pela Casa Herança de Ododuwa, através , de palestras e cursos oferecidos, atualmente de forma virtual.
Em dois meses de exibição, “Tesouros dos Nossos Ancestrais” já contabilizou mais de duas mil visitas ao site onde o acervo se encontra disponível para visitação, o que enche de orgulho os idealizadores do projeto encabeçado por sua Majestade.
“Não existe caminho possível para o futuro da humanidade sem olhar para o continente africano e compreender o legado que nossos ancestrais nos deixaram. Sem dúvida, é essa herança que irá auxiliar a construirmos juntos um mundo melhor para todos. Nossos ancestrais deixaram conhecimento vitais para os problemas da humanidade e tenho certeza de que o futuro é ancestral”, conta Ooni de Ifé – rei de Ilê Ifé/Nigéria.
Pensado primeiramente para ser uma um evento presencial, “Tesouro dos Nossos Ancestrais: arte iorubá” é resultado de um esforço pessoal do rei de Ifé, Ojaja II, atualmente a maior autoridade tradicional e religiosa do povo iorubá, que originariamente habitava o Reino de Ifé e reinos ao redor, áreas atualmente do Benin e da Nigéria. Com curadoria de Carolina Maíra de Morais, o projeto, que está sendo realizado totalmente online, abarca, além da exposição virtual, dinâmicas que envolvem rodas de conversas e masterclass com estudiosos e personagens que são referências importantes dentro do segmento artístico-histórico-cultural preto.
“Como historiadora, é uma honra acompanhar este processo curatorial e ver a arte transbordar para vida, porque não estamos apenas falando de objetos de arte, estamos falando de epistemologias, estética, filosofia, concepção de mundo a partir da visão iorubá, e como esse conhecimento múltiplo é atravessado pela ancestralidade,” relata Carolina Maíra Morais, quem comanda a Comissão Curatorial .
Algumas peças, extraviadas do continente africano durante o processo de colonização dos séculos XIX e XX e posteriormente recuperadas, serão exibidas pela primeira vez ao público, no entanto, a ideia é que a exposição chegue a um circuito internacional, em um movimento de aproximação de povos e disseminação de ideais. De certa forma, a impossibilidade de fazer um circuito mundial da mostra, por conta da pandemia da COVID19, reitera o propósito de aproximação entre as culturas, fazendo com que o projeto circule mais rapidamente ao redor do mundo.
Entre as 27 obras expostas virtualmente, a máscara Geledé, uma das mais conhecidas do mundo quando se aborda o tema iorubá, é destaque na mostra virtual. Usada em festivais de honra aos poderes espirituais das anciãs conhecidas como awon iya wa, o artefato, segundo a tradição oral, criado em Ketu, Benin, no século XVIII, é símbolo do poder dessas mulheres e pode ser usado em benefício ou destruição da sociedade, o que torna necessária a realização de cerimônias para aplacar a sua fúria e o seu poder destrutivo e manter o equilíbrio da comunidade. Homens e mulheres mais velhos desempenham importantes papéis na preparação das performances dos mascarados, sempre do sexo masculino.
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