A modelo e estudante de fisioterapia Bruna Campos (27) teve uma oportunidade de emprego recusada por causa do estilo afro de seu cabelo (A estudante tem cabelos crespos quase ao estilo black power). Segundo Bruna, na última quarta-feira (9/06) ela foi chamada pela dona de uma agência para participar de um evento como recepcionista. Um homem responsável por selecionar as garotas para a recepção entrou em contato. Nas mensagens enviadas pelo Whatsapp o homem diz que a recepcionista é muito bonita mas que “seu cabelo chama muito atenção”. Em seguida o homem, (que Bruna prefere não identificar) enviou um áudio: “Tem que ser uma menina rápida para levar o pessoal até a mesa, tem que ser sorridente. Você é perfeita, só o que você consegue fazer nesse cabelo para ele diminuir um pouco o volume, o tamanho? É lindo seu cabelo, combina com você, mas estou vendo para aquela casa, horário de almoço, de dia”, diz o recrutador.
Para Bruna, que fez transição capilar no processo de aceitação do cabelo natural, foi como receber um soco no estômago. “Quando ele me mandou o áudio eu fiquei em estado de choque. Não consegui debater, não consegui retrucar. Eu só conseguia chorar”, diz. A aspirante a fisioterapeuta sabe das necessidades de usar touca ou rede de proteção em restaurante, mas para ela o que doeu foi a forma de se expressar. “Ele viu que sou negra e que meu cabelo é afro. Por que ele entra em contato comigo para dizer que precisa de ‘uma coisa’ mais discreta?”, desabafa.
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Algumas pessoas mandaram mensagens para Bruna dizendo o de sempre: “mimimi”, “vitimismo”, e acusações de que ela queria ganhar processo judicial. “Se eu quisesse ganhar processo com isso eu tinha entrado na justiça. Eu não divulguei o nome do restaurante, eu não divulguei o nome do cara que fez isso comigo. Eu só quero respeito. Eu só quero empatia. Só quero cuidado ao falar com pessoas pretas”, enfatiza.
Após divulgar o áudio, Bruna conta que algumas pessoas disseram reconhecer a voz do homem e revelarem ter passado por situações parecidas. Ela diz que recebeu ligação do recrutador tentando esclarecer os pontos. Que ele disse que foi um mal entendido, mas não deixava ela falar, a interrompendo toda hora. “Eu desculpei, mas acho que ele não conseguiu identificar o erro dele”, diz.
Nem só de acusações foi a semana da jovem, que recebeu muitas mensagens de apoio. Após postar o ocorrido em suas redes, foi apoiada por muita gente. “Inacreditável. Gente que eu nem imaginava compartilhar, falaram que estavam comigo”, revela a paulistana que vive entre São Paulo e a cidade do interior paulista, Itapetininga.
Bruna está no último ano do curso de fisioterapia e tenta conciliar com os eventos que aparece para fazer. “Quem vive de eventos, sabe a correria que é. Mas eu amo demais o que eu faço e estou me esforçando ao máximo para ser uma ótima profissional na área da saúde!”, conta.
Sobre ter ouvido que não era racismo a estudante é taxativa: “Com tantos meios para buscarem conhecimento e ainda dizerem que não é racismo?”, conclui.
Até o fechamento da matéria não conseguimos contato com o recrutador que ouvimos no áudio.
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