Muitos assistem perplexos pela TV as notícias sobre as favelas do país. A violência, o desamparo por parte do Estado, as precariedades. Esses espaços, no entanto, não são uma massa de concreto. Existem milhares de pessoas com histórias de vidas como em qualquer lugar do planeta . A literatura é uma forma eficiente de humanizar esse ambiente e foi justamente as favelas foi o tema escolhido pelo jornalista Edu Carvalho para o seu livro “Na curva do S: Histórias da Rocinha (Editora Toda Via Livros)” , com 10 contos ficcionais sobre favelas e Covid-19.
A obra faz parte do projeto “Ensaios sobre a Pandemia”, que reúne autores e autoras que se dedicaram a refletir e a provocar o pensamento em livros e textos sobre o momento atual da humanidade.
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Nos contos do seu livro, Carvalho transporta o leitor para as ruas e vielas do universo de mais de 100 mil habitantes da Rocinha, agora sob a ameaça da pandemia. São os motoristas de Uber, os vendedores, os pastores, as mães preocupadas e os jovens que lidam com o tédio de um mundo cheio de limitações.
Edu vive na Rocinha e o seu talento como jornalista rendeu trabalhos importantes. Ele foi vencedor do Prêmio Vladmir Herzog em 2019, integrou a equipe de criação do programa Conversa com Bial e também foi repórter da CNN Brasil.
Conversamos com ele sobre a forma como a imprensa tem tratado as favelas, muitas vezes insistindo na narrativa de que bandidos são a maioria nesses espaços.
“É um casamento entre desconhecimento e arrogância (e de todos os níveis, sobretudo o intelectual). Eliana Sousa, diretora da Redes da Maré, sempre pontua que ‘favela não é violência, favela é potência’”, explica Carvalho.
O jornalista dá vários exemplos dessas potências tão ignoradas pela mídia: “Olha o quanto de inovação, em todos os eixos, começa a ser pensada de dentro das favelas e parte para todos os cantos. Tomemos como exemplo a atuação das periferias nesse contexto de pandemia. Complexo do Alemão, Paraisópolis (SP) e a própria Rocinha foram exemplos para todo o país. É isso porque teve moradores que empreenderam suas ciências (galera que trabalha com dados, com assistência social, saúde, direitos) e trabalharam no território, numa espécie de retorno. São os que chamo de intelectuais orgânicos (muitos não fizeram faculdade, mas tem diploma de vida e de rua)”.
“É má fé denomina-los como “bandidos”. É mais uma vez pautar a criminalização não só da violência, como da favela de modo geral”, finaliza o escritor.
O eBook já está disponível para venda no link abaixo. O valor é R$ 14,90.
https://todavialivros.com.br/livros/na-curva-do-s-historias-da-rocinha
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