O Mundo Negro juntamente com Squid, Black Influence, Sharp e YouPix realizou um estudo para comprovar em números o que quem produz conteúdo na Internet já desconfiava: criadores não brancos, têm menos oportunidades e ganham menos que os brancos. “Black Influence: um retrato dos creators pretos do Brasil” é um estudo inédito divulgado hoje, (01/09), durante o Youpix Summit 2020. Foram entrevistadas 760 influenciadores.
Interpretar os dados dessa pesquisa é fundamental para entender a dinâmica perversa entre pessoas negras quem produzem conteúdo e agências que renumeram esse tipo de trabalho.
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Mesmo representando pelo menos 54% da população, os pretos que usam a Internet como ferramenta de trabalho para criar o que a gente consome nas redes sociais ganham bem menos que pessoas brancas fazendo o mesmo trabalho.
Um exemplo comparativo apresentado na pesquisa mostra que em uma campanha que um influenciador branco recebe R$ 2.426,92 um negro recebe R$ 1.626,83 para fazer a mesma coisa. Uma diferença de 51,1 %. O valor é ainda menor se o produtor de conteúdo for indígena, como mostra o gráfico abaixo.
A apresentação dos dados da pesquisa foi feita por Ricardo Silvestre da Black Influence (Fundador) e Lara Lages da Sharp (Líder de Projetos). Eles comentaram alguns dos dados das pesquisas. Um dado válido para se destacar a maioria dos criadores de conteúdo preto são chamados para falar sobre temas ligados ao racismo, mesmo que essa não seja a linha de conteúdo principal do canal ou do perfil.
“Apesar do creator ter definido um tema pelo qual ele se interessa e fala, ele ainda assim não é chamado para falar sobre esse tema. A gente tem uma falta de interlocução e precisa de um caminho de construção conjunta para mudar esse cenário”, diz Lara.
Ricardo lembra que ser chamado para falar só sobre racismo pode ser muito cruel para quem não escolheu esse tema como linha editorial.
“É violento quando as marcas chamam somente para falar sobre racismo e temas correlatos à racialidade, principalmente porque eles [ influenciadores pretos ] estudam para ter qualificação para falar com propriedade sobre determinados assuntos. Então quando a marca nos chama para falar só sobre esse tema, é violento. É como se a gente vivesse o ato racista duas vezes”, conclui o empresário.
A pesquisa completa pode ser lida aqui: https://conteudos.squidit.com.br/pesquisa-creators-pretos
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