Como está a população negra durante o período da pandemia do Coronavírus no Brasil, país que está em segundo lugar no mundo, em número de casos da doença que parou o mundo em março? Algumas dúvidas podem ser respondidas por meio da pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a CUFA (Central única das favelas) divulgada na última quarta-feira ( 17 de junho).
Alguns dados frutos do trabalho feito com 1459 entrevistados de 72 cidades de todos os Estados brasileiros , durante os dias 4 e 5 de junho, não surpreendem, mas comprovam pelos números qual a real situação que a comunidade negra economicamente carente se encontra atualmente.
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A boa surpresa é que 92% dos entrevistados negros afirmaram ter orgulho de ser quem são. Entre os brancos, 82% afirmaram ter orgulho da sua identidade.
O estudo que tabulou respostas de brasileiros e brasileiros negros, traz alguns dados sobre a percepção da violência e acesso à educação. A população brasileira reconhece que a cor da pele de uma pessoa faz diferença no tratamento que ela recebe da polícia. 94% dos pesquisados concorda que negros são abordados de forma mais violenta pela polícia. 50% das pessoas pretas pesquisadas já foram seguidas por seguranças em lojas.
Em relação ao acesso ao ensino superior, 85% concorda que é mais fácil para um branco fazer faculdade, do que um negro. As mulheres negras mesmo com faculdade, são o grupo com menor salário recebendo 33% a menos que uma mulher branca com diploma universitário.
Sobre mercado de trabalho, a pesquisa mostrou que 46% dos trabalhadores brasileiros dizem ter pouca ou nenhuma diversidade de raça/cor na empresa em que trabalham, entre brasileiros negros questionados, esse número sobe para 68%. Trabalhadores não negros ganham até 76% a mais que os negros.
36% dos brasileiros e 76% dos brasileiros negros dizem conhecer alguém que tenha sofrido preconceito, discriminação ou algum tipo de humilhação dentro do ambiente de trabalho por causa da sua cor. A maioria , 66%, tem chefe branco.
Uma curiosidade da pesquisa é um dado que mostra que a maioria acredita que brancos podem sim sofrer racismo. 53% acham que racismo reverso existe.
Impactos da COVID
Para os entrevistados negros, o medo de alguém da família contraia o Coronavírus (99%) é maior do que da própria pessoa ficar doente (95%).
A ausência de computadores nos lares de pessoas negras, dificulta o trabalho e o ensino à distância. Dos internautas pesquisados 49% dos brancos usam computador em casa contra 34% dos pretos.
No quesito planos de saúde, o estudo do Locomotiva aponta que 4 em cada 5 brasileiros negros não possuem convênio médico e a população negra apesar de ser a que mais solicitou o auxílio emergencial (43% negros e 37% não negros) foi a que menos conseguiu (74% dos negros contra 81% dos não negros).
4 em cada 10 brasileiros estão passando fome por não terem dinheiro para comprar comida durante a pandemia e 73% dos negros entrevistados disseram que a renda familiar diminuiu com o isolamento social. 20% desse grupo não teve dinheiro para comprar produtos de higiene pessoal.
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