⚠️ Alerta de Gatilho: Este conteúdo aborda temas como suicídio, bullying e discriminação.
Nota de Correção
(Atualizado em 15 de agosto de 2024, às 00:27): Em uma versão anterior deste texto, foi mencionado que os alunos bolsistas estudavam em turmas separadas dos demais alunos. No entanto, o irmão da vítima, que estava emocionalmente abalado no momento da entrevista, esclareceu posteriormente que essa informação estava incorreta. A separação de turmas ocorria apenas em algumas aulas de idiomas. Apesar dessa correção, o contexto geral e as preocupações levantadas sobre o ambiente escolar permanecem válidos. Pedimos desculpas pelo equívoco e pela confusão que isso possa ter causado.
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É na prática que percebemos a legitimidade das intenções estabelecidas em protocolos que envolvem a saúde mental. O Colégio Bandeirantes, instituição de ensino de elite de São Paulo, enfrentou mais um caso trágico envolvendo um aluno que perdeu a vida. O jovem, que sofreu bullying e ataques homofóbicos por parte de seus colegas, tinha 14 anos, era bolsista do programa ISMART (que oferece bolsas de estudo para pessoas de baixa renda), negro e morador da periferia. Em um áudio deixado por ele, que está sendo compartilhado nas redes sociais, ele expressou a dor e angústia que o levaram a tomar essa decisão na manhã da última segunda-feira, 12 de agosto.
Logo após a notícia, o Colégio emitiu um e-mail de pesar aos pais e alunos e oferecendo suporte a família da vítima. No entanto, conversamos com familiares do estudante que afirmam que, em nenhum momento, a escola entrou em contato direto com eles para oferecer apoio psicológico ou emocional.
“Recebemos uma coroa de flores e uma nota de pesar. Nada além disso. Não houve sequer uma ligação”, detalhou o tio da vítima. Em entrevista ao Mundo Negro, o irmão da vítima afirmou que no velório vieram amigos próximos do estudante e pais de outros alunos que também haviam sido vítimas de bullying na escola, que já foi notícia em 2018, após dois casos de alunos que tiraram suas próprias vidas em um intervalo de 15 dias, compareceram.
Racismo, bullying, classismo e homofobia
Em sua última mensagem em áudio, o estudante falou principalmente sobre os ataques que sofreu por ser gay. Ele mencionou os nomes de outros estudantes que o atormentaram no ambiente escolar. O irmão da vítima apontou esses fatores como desencadeadores da tragédia, além do fato de o estudante ser negro e bolsista, o que também gerava situações de opressão. “As pessoas precisam saber que é um colégio que massacra e oprime os alunos, principalmente os de grupos minoritários, e que negligencia qualquer sinal de saúde mental abalada”, disse o irmão. Ele, que também foi bolsista ISMART no Colégio Marista Glória, em São Paulo, relatou parte da experiência do irmão no Colégio Bandeirantes. “Meu irmão comentava que os alunos ISMART ficam em salas separadas dos demais. Segundo a escola, esses alunos não teriam capacidade de acompanhar o nível das outras turmas”.
Novo posicionamento da escola
Entramos em contato com o colégio, que nos encaminhou à assessoria de imprensa. Fomos informados de que, devido ao falecimento de um professor por questões de saúde, não poderiam nos atender até o fechamento desta matéria. Eles enviaram uma nota por e-mail.
“Toda a comunidade escolar está profundamente abalada com essa perda irreparável. Neste momento de dor, oferecemos nosso apoio e solidariedade à família e aos amigos de Pedro. Estamos comprometidos em continuar promovendo um ambiente de acolhimento, onde cada aluno se sinta valorizado, respeitado e amado, reafirmando nosso compromisso com o cuidado e o bem-estar de todos.
Permanecemos abertos ao diálogo e à escuta, por meio da equipe de Orientação Educacional e dos diversos grupos de apoio e iniciativas de convivência, como o BandAntirracismo, a Orientação Socioemocional, a Mediação de Conflitos e os programas de protagonismo estudantil, como as Equipes de Ajuda e o C.A.R.E. Sabemos que é essencial proteger nossas crianças e jovens, e contamos com a compreensão e o apoio de toda a sociedade para dialogar sobre este tema com respeito, empatia e responsabilidade.”
Onde buscar ajuda
Se você estiver enfrentando um momento difícil e precisar de ajuda imediata, o Centro de Valorização da Vida (CVV) está à disposição. O CVV oferece um serviço gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio, disponível para qualquer pessoa que precise conversar. Para falar com um voluntário, você pode enviar um e-mail, acessar o chat pelo site ou ligar para o número 188. O atendimento é confidencial e está disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Além disso, o CVV, em parceria com o UNICEF, disponibiliza um canal de escuta exclusivo para adolescentes entre 13 e 24 anos chamado “Pode Falar”. Este serviço, também anônimo, é voltado para adolescentes que precisam de acolhimento e desejam conversar sobre suas dificuldades. O atendimento pode ser feito via chat online ou WhatsApp. Para mais informações sobre horários de atendimento, consulte o site.
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