Por Ivair Augusto Alves dos Santos
Estou apaixonado por Sol (Sheron Menezzes), a protagonista da novela ‘Vai na Fé’. Quando ela entra em cena, todos os olhares são pra ela. Uma linda mulher negra que irradia alegria, sensibilidade, muita luta e uma ginga que nos leva a sonhar.
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Quando vi a cena do reencontro de Sol com seu primeiro amor Ben (Samuel de Assis), isto me levou a pensar em nosso primeiro amor, quando o futuro é visto com alegria, otimismo, e não há desafios que não possam ser superados. Me veio à cabeça o livro Walden II – Uma sociedade do futuro , de Skinner, que desenha uma sociedade sem conflitos, de cooperação, em que todos são felizes- uma utopia. No livro, os jovens são estimulados a valorizar o seu primeiro amor e a casarem. O primeiro amor é descrito como o mais puro, mas completo e rico de emoções. Um momento mágico em nossas vidas, onde todos os sonhos são possíveis.
Sol e Ben formaram um casal apaixonado, com uma entrega absoluta, algo que talvez nunca tenha se repetido. Quando eles se encontram, ficam paralisados e a memória volta com a dor do rompimento. A imagem deles, jovens casais, nos alegra e nos leva a pensar: puxa vida, eu também tive um primeiro amor.
A primeira coisa que nós espectadores pensamos é: será que é possível um recomeço? Talvez até possa acontecer no desenrolar da novela, mas agora vamos nos fixar na descrição do primeiro amor em nossas vidas. Todos nós temos na memória, a primeira paixão por um companheiro, ou companheira. Muitas vezes acontece no ambiente de escola, num período de incertezas e medos de não passar por ridículo. Sem saber como se comunicar, o que dizer, sem saber se será correspondido, tudo se torna um furacão de emoções.
Amar pela primeira vez é nadar em mar aberto, sem saber nadar e ficar onde dá em pé, mas é inevitável o risco de se decepcionar. Qualquer gesto e olhar nos alimenta a sonhar com a felicidade. Sol e Ben se apaixonaram, dançaram, se amaram, e viveram intensamente aquele momento de encontro de dois jovens negros, despreocupados com o futuro. O primeiro amor também tem riscos.
O que preocupa a sociedade brasileira, pais e famílias, são as taxas de maternidade na adolescência que ainda são elevadas no Brasil, resultado da ausência de uma educação sexual nas escolas e diálogo. O primeiro amor não precisa terminar em gravidez na adolescência, que atinge todas as classes sociais. Ele apresenta, no entanto, marcadores de desigualdade de geração, de raça, de classe muito específicos, sendo mais frequente justamente nos grupos de maior vulnerabilidade social. Precisamos conversar com meninos e meninas, um diálogo aberto, com amplo apoio da sociedade.
Sonhamos e valorizamos o primeiro amor em nossas vidas. A novela ‘Vai na Fé’ nos possibilita que a ficção se aproxime da realidade e nos leve a muitas reflexões. Nos leva a afirmar que amar sempre vale a pena.
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