
A Unidos de Padre Miguel expressou “total indignação” com o resultado da apuração do Carnaval 2025, que culminou no rebaixamento da escola para a Série Ouro em nota publicada nas redes sociais da escola na noite de terça-feira (11). A agremiação, que retornou ao Grupo Especial após 52 anos, atribuiu o resultado a uma falha técnica de som que durou 17 minutos e a uma penalização considerada discriminatória por um jurado, que alegou “excesso de termos em iorubá” no samba-enredo. Afirmando que sua permanência no Grupo Especial é um “gesto de justiça e reparação”.
A escola afirmou que a falha no som, descrita como “gravíssima e sem precedentes”, comprometeu diretamente a execução do desfile e a avaliação de quesitos essenciais, como harmonia, evolução, bateria, mestre-sala e porta-bandeira e comissão de frente. “Essa falha teve impacto direto na performance de nossos componentes, o que não ocorreu com nenhuma outra agremiação”, destacou a nota. A Unidos de Padre Miguel também criticou a falta de transparência, já que, até o momento, não teve acesso ao laudo técnico da sonorização da avenida, documento que considera crucial para esclarecer os fatos.
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Além da questão técnica, a escola denunciou um ato de intolerância religiosa. Um dos jurados penalizou a agremiação sob a alegação de que o samba-enredo continha “excesso de termos em iorubá”. A Unidos de Padre Miguel classificou a decisão como discriminatória, argumentando que desconsiderou a importância cultural, histórica e espiritual da narrativa apresentada. O enredo da escola celebrou a ancestralidade afro-brasileira e a herança sagrada do Candomblé, tema que a agremiação defende como parte fundamental da identidade do Carnaval.
“O Carnaval é a maior manifestação popular do país, um palco de resistência e celebração das nossas raízes, e qualquer tentativa de silenciamento ou apagamento cultural deve ser combatida com rigor”, afirmou a escola na nota. A agremiação reforçou que não aceitará a normalização do racismo religioso em um espaço que deveria exaltar a diversidade.
A Unidos de Padre Miguel também apontou “incoerências evidentes” no julgamento de outros quesitos e punições desproporcionais em comparação com outras escolas. A agremiação reconheceu o compromisso da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA) em convocar uma plenária para discutir o caso, mas reforçou a necessidade de que a reunião ocorra com urgência. “A justa avaliação dos recursos da UPM não apenas corrigirá uma grande injustiça, mas também fortalecerá a credibilidade do Carnaval”, disse a nota.
A escola ressaltou que a manutenção no Grupo Especial não deve ser vista como uma “mera questão administrativa”, mas como um “gesto de justiça e reparação”. “O Carnaval pertence ao povo, e a força da comunidade já demonstrou que não aceitará arbitrariedades”, afirmou a agremiação, destacando que a correção do erro é essencial para restaurar a confiança na lisura dos desfiles e reafirmar a Sapucaí como “o templo da cultura e da igualdade”.
A Unidos de Padre Miguel encerrou a nota reafirmando sua luta por um julgamento “justo, coerente e transparente” e prometeu utilizar todos os meios legais para garantir que a verdade prevaleça. “Os 17 minutos de silêncio impostos à nossa escola ecoam até hoje, e enquanto houver injustiça, nossa voz não se calará”, concluiu a agremiação.
Desfile para a comunidade
Na próxima sexta-feira (14), a Unidos de Padre Miguel anunciou que fará um grande desfile para sua comunidade, a partir das 21h, no Ponto Chic, em Padre Miguel. “Esse desfile é um presente para nossa comunidade e para todos os sambistas que estão ao nosso lado. Independente de qualquer situação, a Unidos de Padre Miguel segue forte e unida, mostrando a nossa garra e o amor pelo samba”, afirmou Lara Mara, diretora de Carnaval da escola.
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