Em uma entrevista para o Portal Metrópoles, a médica Tatiana Novais falou sobre racismo na área da saúde, procedimentos estéticos e autoestima de pessoas pretas.
Quando era apenas uma criança Tatiana já sonhava em ser médica e já sofria com a ausência de representatividade na profissão. Aos 16 anos, Tatiana passou para medicina, sendo a primeira pessoa da família a ingressar no ensino superior.
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Enfrentando muitos desafios por ser uma das poucas mulheres, Tatiana não enxergava os preconceitos que sofria na universidade por ser uma mulher, negra e não pertecente a elite.
Atualmente, com 3 décadas de atuação na área de cirurgia plástica, Tatiana já é mais engajada na causa, e trabalha promovendo a autoestima de pessoas pretas que cruzam seu caminho. Nas redes sociais, Tatiana se apresenta como a primeira cirurgiã plástica negra do Brasil, e divulga o seu trabalho que contempla pessoas pretas.
Com uma trajetória longa na área, Tatiana atualmente se dedica a enaltecer a beleza de pessoas pretas e ressalta a importância dos debates raciais na área, já que muitas pessoas chegam até sua sala de atendimento por conta de traumas causados pelo racismo. Tatiana contou que muitos de seus clientes a procuravam para realizar procedimentos que os deixassem com traços de pessoas brancas.
Tatiana lembrou que até mesmo os estudos e os conceitos podem ser excludentes para pessoas pretas, há um conceito de cinco séculos atrás que ainda são usados para harmonização facial, de que “O limite da largura nasal seria o canto interno dos olhos”. E esse conceito coloca 90% dos negros fora do padrão”
A médica comentou ainda sobre a influência das redes sociais nas decisões de pessoas pretas em realizar procedimentos estéticos.
“A mídia tem uma influência muito grande nisso. Não se reflete sobre o peso que os filtros das redes sociais e as maquiagens têm”, disse.
Tatiana tem orgulho de suas origens e tenta levar a mesma reflexão de autoconhecimento e autoestima para seus clientes. Crianças, jovens e adultos já chegaram até a doutora para contar suas insatisfações com seus traços partindo de um ponto de vista racista e embranquecido que nos foi imposto.
“Se você avaliar a face de uma pessoa negra pelos padrões brancos, sempre haverá algo de errado nela. Já atendi uma menina que queria se matar por causa do nariz” lembrou a cirurgiã
Muitas crianças crescem se odiando pelo simples fato de não se sentirem representadas, enquanto somente pessoas brancas estiverem ocupando grandes espaços na tv e internet, crianças pretas não vão reconhecer sua beleza.
“Um negro lindo não precisa ter traços finos. Vende-se uma falsa ilusão para uma geração de meninas, principalmente as mais jovens, de que só assim elas são bonitas e isso é cruel.”
Atualmente Tatiana organiza eventos com profissionais relacionados à saúde e à beleza negra. E em 2021 pretende fazer um congresso para falar sobre esse assunto com os maiores especialistas. “O volume financeiro que os negros mobilizam é enorme. É preciso ouvir as demandas estéticas dessas pessoas. Você, branco, não pode considerar só a sua estética como única e superior.” completou
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