Trump assina ordens executivas para limitar ensino sobre racismo e cortar financiamento educacional

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Trump assina ordens executivas para limitar ensino sobre racismo e cortar financiamento educacional
Foto: Reprodução/Freepik

O presidente Donald Trump assinou, na quarta-feira (29), duas ordens executivas que impactam diretamente a forma como questões raciais são abordadas nas escolas dos Estados Unidos. As medidas incluem o bloqueio do financiamento federal para currículos que ele classifica como “doutrinação” de estudantes em ideologias que chamou de “antiamericanas” sobre raça e gênero, além da promoção da escolha dos pais na seleção de escolas privadas ou de ensino religioso com uso de verba federal.

As diretrizes foram assinadas uma semana após sua posse no segundo mandato e fazem parte da agenda conservadora de reforma educacional defendida pelo presidente. A segunda ordem de Trump tem como objetivo impedir que escolas utilizem recursos federais para currículos e certificação de professores que abordem “ideologia de equidade discriminatória”. No documento, o governo federal acusa escolas de doutrinar alunos com conceitos como “privilégio branco” e “preconceito inconsciente”, o que, segundo a administração, fomenta divisões raciais.

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Democratas e organizações de direitos civis alertam que as medidas podem comprometer a inclusão de narrativas negras e indígenas no ensino público. A decisão foi criticada por educadores e ativistas dos direitos civis, que afirmam que a ordem pode silenciar debates essenciais sobre o racismo e a história dos negros nos Estados Unidos. “O ensino da história afro-americana e das desigualdades raciais não é doutrinação, mas sim uma parte fundamental da compreensão do nosso país”, afirmou Christina Greer, professora de ciência política da Universidade Fordham, à agência Reuters.

A ordem não menciona explicitamente a teoria crítica da raça (TRC), mas utiliza linguagem frequentemente associada a críticas contra o ensino do racismo institucional. A TRC, conceito acadêmico estudado principalmente em faculdades de direito, tem sido amplamente atacada por conservadores que alegam que seu ensino fomenta divisões raciais.

Críticos argumentam que a medida pode restringir o acesso a materiais que abordam a história dos afro-americanos e outros grupos racializados. Líderes comunitários alertam que o corte de financiamento pode resultar na remoção de programas que destacam a contribuição da população negra para a sociedade americana.

Mudanças no financiamento e impacto federal

Além das restrições ao ensino sobre raça, a primeira ordem assinada por Trump prioriza o financiamento de programas de escolha escolar, permitindo que famílias optem por escolas privadas ou religiosas com recursos federais. A medida é vista como uma forma de desvio de recursos das escolas públicas, que atendem majoritariamente estudantes negros e latinos.

Atualmente, a educação nos EUA é financiada principalmente por impostos estaduais e locais, sendo que apenas 14% dos recursos das escolas públicas vêm do governo federal. Estimativas apontam que as ordens de Trump podem afetar entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões em subsídios federais.

Os estados republicanos têm adotado, nos últimos anos, políticas de escolha escolar universal ou quase universal, abrindo caminho para vouchers que permitem o uso de recursos públicos para o financiamento da educação domiciliar e mensalidades em escolas privadas.

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