
As trabalhadoras domésticas negras receberam, em média, 86% do salário das brancas entre 2012 e 2022 – uma diferença de 14% que se agravou ao longo da década. Os dados, divulgados no dia 21 de março pelo Cedra (Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais), revelam que, mesmo sendo maioria no setor, as mulheres negras seguem em desvantagem tanto nos rendimentos quanto na ocupação de cargos mais bem remunerados.
Enquanto as profissionais negras tiveram um rendimento médio de R$ 978,35 em 2022, as brancas ganharam R$ 1.184,57 no mesmo período. Dez anos antes, os valores eram de R$ 503,23 e R$ 576, respectivamente – o que significa que a disparidade, que já existia, aumentou 4,8 pontos percentuais no intervalo.
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O levantamento, baseado na Pnad Contínua (IBGE), também aponta que as negras são frequentemente direcionadas a funções como faxina e lavanderia, enquanto cargos como governanta – que pagam mais – são ocupados majoritariamente por brancas, mesmo nos casos em que trabalhadoras negras têm mais qualificações.
Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, Cleide Pinto, coordenadora da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, a diferença salarial reflete um racismo estrutural enraizado na sociedade. “O trabalho doméstico no Brasil ainda carrega a marca da escravidão. Há empregadores que, mesmo sem perceber, tratam mulheres negras como se devessem aceitar menos”, afirma.
A pesquisa ainda analisou a presença de profissionais negros em cargos gerenciais. Embora representem 56,5% da população, pretos e pardos ocupam apenas 33,7% das posições de chefia. Entre as mulheres, a diferença é ainda mais acentuada: enquanto as brancas estão sobrerrepresentadas nesses postos, as negras seguem em menor proporção do que sua participação na sociedade.
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