Uma das principais voz do movimento negro no futebol brasileiro, o técnico do Bahia, Roger Machado, quer promover a negritude e a luta antirracista para muito além do esporte. O treinador é o mecenas de um projeto que pretende lançar 50 livros de autores negros e indígenas nos próximos cinco anos e, quem sabe, se tornar uma editora no futuro. Já em 2020 serão publicados 10 livros da coleção Diálogos da Diáspora que, graças ao financiamento do Projeto Canela Preta, de Roger, chegarão ao mercado com preço acessível para a parcela mais carente da população, formada em sua maioria por negros.
Pelo projeto do Selo Diálogos da Diáspora, os custos de produção do livro serão cobertos pelo financiamento do treinador. Um exemplar de 200 páginas que seria vendido por R$ 40 vai custar R$ 15. Os livros serão lançados pela Hucitec Editora, especializada em humanismo, ciência e tecnologia. O conselho editorial fará a curadoria para escolher, todo ano, ao longo de cinco anos, 10 obras preferencialmente de escritores negros e indígenas, nas mais diversas áreas acadêmicas: Antropologia, Sociologia, Psicologia, Urbanismo, Direito, Filosofia, Letras, Pedagogia, Comunicação, Arte, etc. A coleção também vai incluir literatura de ficção, poesia e saberes tradicionais, que são os conhecimentos que são produzidos fora da academia. Aí se encaixam mestres griôs, religiosos e das artes.
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Desde que chegou ao Bahia, Roger Machado tem ganhado mais espaço para falar sobre questões raciais e sociais no Brasil. Único treinador negro na Série A do Campeonato Brasileiro de 2020, o comandante entende a necessidade de maior visibilidade ao trabalho de autores que, assim como Roger, são ‘minoria’ no país.
“Menos de 10% dos livros publicados no Brasil são de autores não brancos e isso é reflexo da exclusão no espaço acadêmico”, explica Tadeu de Paula, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa Egbé.
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