Mirtes Santana, roteirista de grandes sucessos como ‘O Menino Maluquinho’ (Netflix), ‘Turma da Mônica: a Série’ (Globoplay) e ‘Escola de Gênios’ (Gloob), agora se aventura no lançamento oficial do seu primeiro HQ, ‘Superpunk’, programa para o próximo final de semana, 27 e 28 de julho, durante a PerifaCon, a primeira convenção nerd das favelas, na Fábrica de Cultura de Diadema, com sessão de autógrafos. 

O quadrinho foi lançado em pré-venda no dia 14 de junho, e a resposta do público foi imediata e positiva, com mais de 500 exemplares vendidos até agora.

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Misturando uma aventura sobrenatural, diálogos engraçados e muito punk rock, o quadrinho conta a história de Violeta, uma pré-adolescente de 13 anos que vive por aí com o toca-fitas do seu avô plugado nos ouvidos. Mas, após tocar uma fita cassete ao contrário, ela libera monstros assustadores e também ganha poderes para assumir uma nova identidade secreta: a Superpunk, uma heroína de máscara-touca, cheia de atitude! 

Crédito: Divulgação

Ao lado de seu fiel escudeiro, o podcaster e investigador sobrenatural Alan, ela enfrenta diariamente as criaturas sombrias que somente os dois são capazes de enxergar. Entre sua rotina de péssima aluna e skatista fajuta e sua agenda de combate a ameaças sobrenaturais, Violeta ainda terá de lidar com o retorno de uma velha amiga, que vai obrigá-la a reviver seu passado, e com a invasão de uma horda de monstros em sua escola.

Em entrevista ao Mundo Negro, Mirtes Santana destaca o quão ficou surpresa com o sucesso da pré-venda e enxerga tudo com muito otimismo. “Com a aproximação do Perifacon, o frio na barriga só aumenta. É a minha primeira publicação impressa e espero poder ter feito o meu papel de contadora de histórias de forma eficaz”, diz. 

“Fui muito fiel a mim mesma ao representar a periferia de onde vim, e tem um pedacinho de mim em cada parte desse quadrinho. Espero também, a partir desse primeiro sucesso, poder escrever novos volumes contando mais aventuras desta personagem tão inspiradora e rebelde”, completa.

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Publicado inicialmente como um zine em 2017 pelo multipremiado quadrinista Guilherme Petreca, responsável por “Ye“, “Shamisen” e “Ogiva“, a história de Superpunk chega para compor a mesma trilha de sucesso, contando com a parceria criativa da roteirista de TV, Mirtes Santana.

Superpunk se propõe como uma história para toda a família, trazendo uma linguagem reconfortante que trás memórias afetivas dos anos 2000, contanto personagens carismáticos, trilha sonora marcante, que visa acender uma faísca de conforto e esperança, além de frescor no mercado disputado de super-heróis. 

Leia a entrevista completa abaixo:

Crédito: Divulgação

Como essa experiência com séries infantis influenciou na criação do roteiro de Superpunk e na construção dos personagens?

Como meu início na carreira como roteirista de TV já começa escrevendo para o público infanto-juvenil, foi fácil entender os códigos e signos envolvidos na construção desse tipo de história. É claro que todo projeto tem as suas particularidades: tanto em Escola de Gênios (Gloob) como em Turma da Mônica: a Série (Globoplay), por exemplo, a audiência demandou uma construção de universo bem precisa e de muito estudo. Pode parecer um pouco clichê, mas olhar para dentro de nossas infâncias, e também para as crianças em nosso convívio familiar, nos ajuda a compreender e representá-las melhor nas telas e nos quadrinhos. 

Além disso, é sempre um desafio pensar numa história em que apresentaremos personagens originais aos leitores. Afinal, a concorrência no nicho dos quadrinhos de super-heróis é bem acirrada hoje. Por outro lado, Superpunk já conta com diferenciais que o fazem se destacar nessa multidão: Violeta é uma garota punk, vegana, péssima em matemática e bastante cabeça dura. Acho que a sua personalidade impulsiva e de quem pensa um pouco fora da caixinha, criam uma identificação muito forte com as novas gerações de leitores. 

Um outro fato importante que contribuiu para a escrita do projeto, é o fato de que a HQ surgiu a partir de uma série de animação que estamos desenvolvendo em parceria com a produtora Chatrone. Assim, na medida em que transito na minha zona de conforto de escrever para TV e streaming, também tenho a oportunidade de trazer elementos da série para o universo de uma mídia impressa, e vice-versa, testando recursos narrativos nesses dois formatos.

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Como foi o processo de integrar referências culturais e musicais na narrativa da HQ, para atrair diferentes gerações? 

Guilherme Petreca, criador e parceiro criativo nessa jornada da escrita da HQ e da série, tem uma infância e adolescência permeadas pela música. Assim, ficou a cargo dele me apresentar o universo punk em suas minúcias – e são muitas, viu? Descobri bandas undergrounds, músicas diferentes, além de passar a frequentar shows e espaços para fazer a boa e velha “pesquisa de campo” – e também para curtir, porque não? Nessa jornada, eu me reconectei com a música. Sou bem eclética e transito bem entre vários gêneros diferentes, desde ao pagode ao heavy metal. Eu tive a minha fase rock n roll e rebelde na adolescência e até voltei a tocar bateria, incentivada pela escrita da HQ. Por isso, eu acredito que a música gera conexões tão fortes, que podem permear as nossas memórias coletivas e afetivas, agregando esse potencial de se conectar com gerações diferentes. Hoje, a nostalgia dentro da cultura pop, como o retorno de remakes de filmes, séries e quadrinhos antigos, criou uma forte demanda de conteúdos que proporcionem conforto e familiaridade para todos – e acho que fomos bem efetivos em construir isso dentro da nossa história. Afinal, a Violeta combate os monstros da sua cidade com músicas que escuta de sua fita cassete!

Além disso, os cenários periféricos nos ajudaram a dar uma cara única e especial para a HQ. Eu e o Petreca somos de periferias distintas, mas conseguimos encontrar características semelhantes, dando uma iconografia muito especial para o quadrinho e refletindo essa “parada” no tempo, que bairros à margem apresentam: Uma escola pública cheia de grafites e artes duvidosas sobrepostas, o escadão isolado bairro, o a loja de discos onde se vende de tudo. Esses exemplos compõem um mosaico interessante e único, que vemos pouco por aí representado. Afinal de contas, esses bairros são microcosmos como qualquer outra cidade e merecem sim ter a sua própria super-heroína.

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Após o sucesso da venda de 500 exemplares na pré-venda, quais reações do público que mais te surpreendeu e quais as expectativas para o lançamento oficial no PerifaCon?

Eu realmente não esperava vender os 500 exemplares limitados de HQs com bookplate autografados em menos de um dia! Foi uma grande surpresa, principalmente dentro do nicho de quadrinhos para o público infanto-juvenil. Eu encaro esse primeiro sucesso como um bom sinal, de que estamos correspondendo a uma demanda por histórias originais, inovadoras e cheias de nostalgia. 

Com a aproximação do Perifacon, o frio na barriga só aumenta. É a minha primeira publicação impressa e espero poder ter feito o meu papel de contadora de histórias de forma eficaz. Fui muito fiel a mim mesma ao representar a periferia de onde vim, e tem um pedacinho de mim em cada parte desse quadrinho. Espero também, a partir desse primeiro sucesso, poder escrever novos volumes contando mais aventuras desta personagem tão inspiradora e rebelde. Acredito que todos precisamos de um pouco disso para refrescar e inspirar nossas vidas.

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