O filme ‘Shirley Para Presidente’, estrelado por Regina King, estreou na Netflix nesta sexta-feira, 22. O longa acompanha a história de Shirley Chisholm (1924 – 2005), a primeira congressista negra eleita, que também se tornou a primeira mulher negra a se candidatar para a presidência dos Estados Unidos, pelo partido dos Democratas, em 1972.
Esta é a primeira vez que a vencedora do Oscar estrela um filme junto com a irmã Reina King. No elenco, elas interpretam as irmãs Shirley e Muriel St. Hill, vivendo conflito familiar devido a candidatura política. No entanto, em entrevista ao Mundo Negro com a editora Halitane Rocha, elas contaram como Muriel mudou o seu pensamento ao longo da campanha e como ela foi importante para a realização da cinebiografia.
Notícias Relacionadas
Caso Marielle Franco: Ronnie Lessa é condenado a 78 anos de prisão e Élcio de Queiroz a 59 anos
Silvia Nascimento é a única brasileira em programa do governo americano para cobertura das eleições dos EUA
“Muriel foi uma grande apoiadora nos contando essa história. Infelizmente, ela não foi capaz de vê-la finalmente sendo divulgada ao mundo, mas ela tem sido uma grande apoiadora durante todo esse processo. A Reina e eu começamos a coletar informações para contar essa história há 15 anos, e eu diria que, talvez, 12 anos atrás, foi quando conseguimos entrar em contato com Muriel, e ela nos deu os direitos, o apoio e sempre nos ligava de Barbados. Ela estava orgulhosa de sua irmã”, conta Regina King.
Já Reina King, relata um processo difícil de aceitação não só de Muriel, mas de muitas mulheres negras, entre as décadas de 60 e 70, quando Shirley se candidatou para o Congresso e posteriormente à Presidência. “Em 1968, as mulheres deveriam estar em casa cozinhando e criando a família. Então, ver alguém naquele espaço, como a Shirley, foi intimidante. Não era a norma e o que era esperado. Acho que foi muito difícil para as mulheres entenderem o que precisava ser feito para fazer a mudança. E se elas tivessem realmente apoiado e dado apoio para Shirley, quanta diferença teria feito naquela época”, diz.
“Mas acho que Muriel, só de ver sua irmã naquela campanha, e o que ela fez incansavelmente, foi além de qualquer escopo do que ela pensava que era possível e eu acho que isso a mudou, se transformou em um momento de muito orgulho para entender e realmente conhecer a irmã dela e o que ela representava para si mesma, para a comunidade, para as pessoas negras e pardas, para as pessoas menos afortunadas, que vieram de meios socioeconômicos mais baixos. Ela representava tantas coisas, que foi capaz de ser uma representante de pessoas que, de alguma forma, não tinham uma voz”, relata a atriz.
Até hoje, os Estados Unidos nunca elegeu uma mulher negra para a presidência. Para a Regina King, não apenas os norte-americanos, mas todo o mundo precisa melhorar a sua visão em relação às mulheres negras. “Eu acho que nós mulheres negras, somos o único grupo de pessoas que sempre nos dizem o quão fortes somos, mas nós somos um corpo de pessoas que parecem ser os mais desrespeitados, pelo menos dos meus 53 anos neste planeta, e uma experiência pessoal e também olhando para a experiência do país, a experiência mundial”, diz.
Apesar dos desafios, a atriz acredita que isso poderá acontecer. “É preciso mais do que apenas outras mulheres negras para tornar isso uma realidade. Mas só de ver a vice-presidente Kamala Harris se tornar uma companheira de chapa, se tornar uma vice-presidente, definitivamente dá uma esperança, ou mantém a esperança viva”.
Veja o trailer:
Notícias Recentes
“Razões Africanas”: documentário sobre influências da diáspora africana no jongo, blues e rumba estreia em novembro
Canal Brasil celebra Mês da Consciência Negra com estreia de longas, documentários e entrevistas exclusivas