“Ser RP preto é entender que, ao entrar numa sala, muitas vozes entram comigo” Anderson Oliveira, à frente dos maiores projetos e eventos para o público negro

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“Ser RP preto é entender que, ao entrar numa sala, muitas vozes entram comigo” Anderson Oliveira, à frente dos maiores projetos e eventos para o público negro
Foto: reprodução

Nascido em Recife, Pernambuco, Anderson Oliveira é um profissional de Relações Públicas que, há mais de 15 anos, atua na interseção entre cultura, propósito e negócios. Com oito desses anos dedicados especificamente às relações públicas, Anderson se consolidou como um dos principais nomes na curadoria e gestão de eventos que promovem diversidade, negritude e representatividade, transformando projetos em plataformas de conexão verdadeira.

“Um RP, na essência, é alguém que cria conexões humanas com propósito. No meu caso, em eventos e projetos culturais, eu trabalho para que marcas e pessoas se encontrem em torno de uma ideia viva, que tenha sentido, que reverbere. Não se trata só de patrocínio ou divulgação. É sobre alinhar valores, histórias e afetos para que uma ação não seja apenas bonita, mas verdadeira. Eu desenho pontes: entre quem produz e quem acredita, entre o que o público sente e o que a marca quer comunicar”, explica Anderson.

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Ao longo de sua trajetória, Anderson esteve à frente de projetos de grande relevância nacional, como Negritudes Globo, AFROPUNK Brasil, Prêmio Potências, Tim Music Rio, Le Défilé (L’Oréal Paris), Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, Carandai 25, Camarote Folia Tropical e o Open Air Brasil, onde atua há mais de uma década como Head de Relacionamento e Marcas. Mais do que executar parcerias, ele acredita em construir relações de longo prazo que gerem impacto cultural e resultados concretos para o mercado.

Para Anderson, a atuação em grandes eventos vai além do glamour ou da visibilidade. “Uma das experiências mais significativas da minha trajetória foi atuar como RP de um camarote na Marquês de Sapucaí. O Carnaval, para mim, é a expressão mais complexa e potente da pluralidade brasileira. É um território de afeto, de identidade e de criação coletiva. Mas, paradoxalmente, é também um espaço onde a exclusão ainda se manifesta muitas vezes disfarçada de curadoria ou de ‘padrão estético’.”

Trabalhar naquele ambiente, segundo ele, foi uma escolha política. “Minha intenção era reafirmar o Carnaval como um lugar de negritude viva, diversa e potente, onde pessoas pretas possam estar não apenas como atrações ou símbolos, mas como protagonistas, como convidadas, como parte legítima da festa. Foi essencial abrir espaço para que pessoas pares, iguais, estivessem ali, não por concessão, mas por direito.”

Ser um RP preto, em um país que ainda associa credibilidade à branquitude, não é tarefa simples. “Muitas vezes precisei provar o dobro para ser ouvido metade. Mas entendi que não se trata de pedir lugar, e sim de construí-lo coletivamente. Representatividade não é um fim, é um começo. É sobre criar novas referências para quem vem depois. É fazer com que o público se veja nas narrativas, não como exceção, mas como parte essencial da história. Pertencer é isso: deixar de ser convidado e começar a ser coautor.”

Formado em Publicidade e Propaganda, Anderson construiu uma carreira marcada pelo compromisso com diversidade, representatividade e ética. Filho de Ana Elizabeth de Oliveira e Edinaldo Batista Marculino, cresceu cercado pelo afeto familiar e pelos ensinamentos de sua avó, Maria de Lourdes, que lhe transmitiu no dia a dia o valor da ancestralidade, do pertencimento e da coletividade, princípios que hoje orientam seu trabalho e sua visão de mundo.

Em cada projeto, Anderson busca garantir que presenças negras não sejam exceções, mas parte de uma nova regra, onde diversidade e autenticidade caminham lado a lado com excelência e propósito. Como ele mesmo define: “O que um RP não faz é vestir qualquer discurso. Não cabe a mim romantizar relações desiguais nem transformar diversidade em pauta de ocasião. Relações Públicas, para mim, são relações com ética, com escuta e com consequência.”

Com seu olhar estratégico e sensível, Anderson Oliveira segue conectando pessoas, marcas e histórias que importam, reafirmando que sucesso não é um caminho solitário, é uma construção coletiva. Em um país que precisa urgentemente de representatividade real, ele mostra que é possível transformar espaços, criar oportunidades e fortalecer narrativas negras com profissionalismo, ética e afeto.

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