“Sempre tem um Heleninha no samba”, cena de Vale Tudo gera debates sobre brancos ricos em espaços culturais negros

0
“Sempre tem um Heleninha no samba”, cena de Vale Tudo gera debates sobre brancos ricos em espaços culturais negros

A disputa de atenção na roda de samba é algo que faz parte da diversão para quem curte uma boa música, dança e cervejinha gelada para se divertir. Em ‘Vale Tudo’, em um desses momentos de confraternização da comunidade, uma cena dividiu opiniões. Enquanto Raquel (Taís Araújo), está em uma roda de samba dançando e cantando com seus amigos, perto de Ivan (Renato Góes) seu ex-namorado, e aguardando Otávio (Breno da Matta), o atual interesse romântico, Heleninha (Paolla Oliveira), aparece e não contente em estar no mesmo ambiente da “rival”, ela entra no espaço que a chef está dançando. Raquel tenta trazer leveza ao clima perguntando se a artista plástica sabe dançar. Segura de si , Heleninha responde: “Quando eu quero, eu sou destaque”.

A cena do capítulo da novela Vale Tudo, exibido na noite de segunda-feira (16) pela TV Globo, relembrou uma discussão sobre a presença de mulheres brancas em espaços tradicionalmente negros, como o samba. gerou críticas de internautas, que viram na fala um reflexo de um problema real: a ocupação de protagonismo por pessoas brancas em ambientes de cultura negra.

Notícias Relacionadas


Nas redes sociais, usuários compararam a situação a acontecimentos reais em rodas de samba tradicionais, onde mulheres brancas frequentemente são vistas entrando nas rodas mesmo que não tenham samba no pé. “Sempre tem uma Heleninha nos sambas e pagodes pelo BR”, escreveu um internauta.

O debate não é novo. Durante o Carnaval de 2023, o mestre em antropologia, Mauro Baracho publicou no site Mundo Negro o artigo “Sem samba no pé, mas com privilégio na pele: mulheres brancas musas do Carnaval 2023”, no qual critica a “confiança” de mulheres brancas que assumem papéis de destaque nas escolas de samba sem a técnica necessária. “Espanta-me a confiança de assumir tamanha responsabilidade sem ter a competência necessária. Talvez esta seja uma das principais características da branquitude: a confiança incompetente. Diante disso, resta saber o que mais falta embranquecer na cultura afrobrasileira que cada dia vai tendo menos afro e mais “Brazil”.”, escreveu.

Já em março de 2025, a colunista do Mundo Negro, Priscilla Arantes reforçou a disparidade entre os lugares ocupados por mulheres negras e brancas no comando do Carnaval, no artigo “Mulheres negras sambam para que mulheres brancas lucrem”, apontando que, apesar de o Carnaval ser uma celebração de raiz negra, as estruturas de poder ainda privilegiam figuras brancas. “As mulheres negras, principais protagonistas na preservação das tradições que dão forma ao carnaval, continuam sub-representadas nos espaços de decisão e poder econômico”, afirmou.

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

No posts to display