Por Renata Hilário*
No marco zero de São Paulo, Praça da Sé, existe uma fendinha de Matrix no 13º andar de um prédio antigo próximo à catedral.
No final do corredor uma porta se abre e com ela um sorriso duplo, Ma Devi e Silvia nos recebem para uma experiência que tem como objetivo promover saúde integral e conexão entre corpo, alma e mente.
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A pequena sala é repleta de plantas, aromas da natureza, imagens indianas e também de orixás, e é nesse momento que você começa a perceber que está num espaço incomum.
Sabe aqueles lugares que você só descobre porque alguém indica pra alguém, que indica pra outro e por aí vai?
Em uma de nossas conversas, Ma Devi me disse que um dos seus pacientes interpretou o espaço como uma fenda na Matrix. Fez total sentido pra mim e correlacionei imediatamente.
No aclamado filme, The Matrix é uma distopia, ou seja, uma narrativa passada em um universo opressivo, totalitário, onde o indivíduo não tem liberdade nem controle sobre si mesmo. Na obra, a humanidade está aprisionada por uma simulação, embora não tenha consciência disso.
A fenda é o que leva você para a conexão com o seu verdadeiro eu, com a sua potência.
Nesse caso, toda uma experiência de cuidado, saúde, axé e amor, como relatou uma de suas pacientes, que mora na Holanda e sempre busca essa vivência quando vem ao Brasil.
E o que algo que vem da Índia de milhares de anos atrás pode oferecer para alguém que mora ou passa por essa selva de concreto chamada São Paulo?
Nesse espaço de poucos metros quadrados em meio aos caos, essa vivência com origem na Índia milenar tem potencial para fazer você perceber o que talvez nem estivesse no seu radar.
O processo se inicia com uma conversa para entender pontos relevantes da sua saúde física, mental e espiritual.
O corpo com suas limitações, mesmo nos momentos de adversidades e dores mais profundas, reflete em outras camadas energéticas o que vem de fora, mas nunca nos deixa esquecer também o que vem de dentro, nossa essência. Reativar isso é potente demais.
Saravédica é como elas intitulam essa terapia alternativa inspirada na ayurveda, a chamada abhyangha, massagem a quatro mãos.
O método desenvolvido por elas ao longo desses anos nos ensina a lidar com as dificuldades e nos dá instrumentos para nos mantermos conectados em nossa essência.
“Sair desse paradigma de máquina, e de tudo que vive reduzido a recursos para enriquecer a outrem, para um paradigma de vida que dança, de ciclo, de conexão com o Todo é o primeiro trabalho a ser feito” – pelas palavras de uma das suas pacientes.
Ayurveda é um termo formado por “Ayu” (vida) e “veda” (conhecimento), ou seja, ayurveda significa o conhecimento, ou a ciência da vida. É uma filosofia de cura que guia o indivíduo para que ele retorne ao seu equilíbrio energético e restabeleça a harmonia do seu corpo. Dessa forma, ao estar em equilíbrio, o ser se mantém saudável.
E esse equilíbrio se estende para a natureza e para os outros seres. Afinal, a ayurveda acredita que a energia de cada indivíduo está conectada com o todo, com o universo e com os ciclos naturais da vida.
As literaturas indicam que a ayurveda surgiu na Índia há cerca de 5 mil anos. Por isso, é considerada um dos sistemas de saúde mais antigos do mundo.
Abhyanga é uma técnica milenar da ayurveda que consiste em fazer massagem utilizando óleos vegetais aquecidos. O óleo é aplicado em todo o corpo, desde o couro cabeludo até a planta dos pés. Estudos confirmam que a massagem abhyanga apresenta benefícios para a saúde.
Saravá é uma expressão de saudação na cultura africana, é como uma boa viagem ou desejo de uma boa vida, e carinhosamente por meio dessa conexão ancestral intitularam esse tratamento como Saravédica.
A Saravédica fala de alimentação também e reconhece que aqui mesmo no Brasil temos uma diversidade muito rica de alimentos, remédios e de tudo que precisamos para desfrutar plenamente de uma vida saudável, da forma mais simples e democrática, numa linguagem próxima do nosso povo que na maioria das vezes não tem acesso a outras formas de cuidado.
Falar sobre nutrição é uma pauta urgente, porém ainda muito concentrada nas classes altas da sociedade.
Refletir e agir sobre os impactos de uma alimentação sem qualidade como vemos na população periférica brasileira é emergencial, estamos adoecendo pela boca e isso também faz parte de um plano.
A massagem em si é um capítulo à parte, é além de algo “pra relaxar” e depois voltar pro stress do dia a dia. Para a ayurveda, assim como para vários outros saberes nativos, corpo, mente e espírito estão profundamente entrelaçados. Essa massagem tem como princípio alinhar e fortalecer os fluxos que nos constituem, tanto os sanguíneos, linfáticos e físicos como os energéticos.
Com a ajuda de óleos e pedras quentes, essências, ervas, cromoterapia e músicas de fundo, barulhos de floresta, de mar, um mantra indiano… quatro mãos e um respeito profundo por seus pacientes. A massagem é um abhyanga ayurvédico, mas também tem elementos espontâneos, desenvolvidos por elas próprias.
Depois da oleação, uma massagem em toda a cabeça, uma bolsa de água quente na barriga, sob a toalha. Folhas e ervas manuseadas próximas ao rosto, cheiro de mato, a floresta em plena Praça da Sé em horário de pico.
Uma defumação leve, sobre o corpo. O quente nos pés, depois mãos, depois cabeça.
A experiência é sentida de diferentes formas por cada um, você pode estar em meditação, prestando atenção nas sensações, pode ter intuições, insights e percepções preciosas de foro íntimo.
A certeza aqui é a possibilidade de viver uma experiência que lhe trará renovação, energia e empoderamento com os saberes e orientações cabíveis para nos manter o mais próximo possível da nossa essência de forma saudável e integral.
Mais informações na página @madeviayurverde
* Renata Hilario é escritora, produtora e publicitária.Fez alguns projetos como Meteora Podcast com a Cris Guterres e hoje é produtora executiva do podcast do Mano a Mano.
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