Uma costureira afroamericana de baixa estatura que escondia um olhar doce e amável por detrás dos grandes óculos entrou para história em um ônibus a caminho de casa.
No dia 1º de dezembro, de 1955, Rosa Louise McCauley Parks, com então 42 anos, estava sentada dentro de um ônibus de Montgomery, nos anos 50, em plena época de segregação racial nos EUA e foi intimada a levantar para dar lugar a um passageiro branco. “Quando ele (motorista de ônibus) me viu ainda sentada, perguntou-me se eu ia levantar-me e eu disse não, eu não vou. Ele então afirmou que chamaria a polícia para me prender, eu disse que ele poderia fazer isso”, relata a própria Parks em sua autobiografia.
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Durante uma entrevista em 1992, Parks tentou explicar seu ato: “Meus pés estavam doendo, e eu não sei bem a causa pela qual me recusei a levantar. Mas creio que a verdadeira razão foi que eu senti que tinha o direito de ser tratada de forma igual a qualquer outro passageiro. Nós já havíamos suportado aquele tipo de tratamento durante muito tempo”. Ela gostava de esclarecer que seu cansaço não era físico. Ela estava exausta em sempre ter que ceder, de ser tratada como cidadã de segunda classe.
Rosa Parks é um dos grandes nomes na luta dos direitos civis. Ela foi contra a lei que estabelecia a prioridade dos assentos para brancos desafiando “o sistema” por sua conta e risco, muito antes desse termo virar moda e pagou muito caro por isso. Foi presa, humilhada na prisão e multada. Ela e seu marido perderam o emprego e eram constantemente vítimas de insultos e até cusparadas em locais públicos. A privacidade de toda sua família foi comprometida. As ameaças de morte eram constantes, o que fez com que ela tivesse que se mudar para Detroit algum tempo depois.
Sua prisão provocou um boicote de 381 dias contra as companhias de ônibus locais, liderado por um então desconhecido pastor, o Reverendo Martin Luther King, que nos anos seguintes liderou o movimento pela igualdade de direitos civis. O ato ganhou repercussão internacional inspirando boicotes em outros países, como África do Sul.
Rosa Parks nasceu em Tuskegee, no dia 4 de fevereiro de 1913 e morreu em Detroit, em 24 de outubro de 2005, de morte natural. Antes e depois da sua morte ela foi reconhecida com vários prêmios, medalhas, livros e filmes.
Essa Rosa então solitária, se tornou a mãe dos direitos civis. Não há como negar que o preconceito e o racismo ainda são alarmantes em pleno século XXI, mas essa senhora de sorriso largo e voz baixa, não se calou, não se acomodou e deu visibilidade ao modo perverso que os negros eram tratados dentro e fora dos EUA. E como ela mesma diz, tudo que ela queria, era apenas voltar para casa.
Frases de Rosa Parks
“Gostaria de ser lembrada como uma pessoa que queria ser livre, para que os outros também fossem livres”.
“Estava cansada de ser tratada como uma cidadã de segunda classe”
“Cada pessoa deve viver sua vida como exemplo para os outros.”
“Eu nunca imaginei que fosse se tornar em tudo isso. Era um dia qualquer que só ganhou significado graças ao grande número de pessoas que se juntaram a mim”
Mais sobre Rosa Parks
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