Para quem gosta de cinema, mas sente falta de acompanhar de perto o que a comunidade negra tem produzid, temos uma boa notícia. De 19 de janeiro a 09 de fevereiro, o Sesc São Paulo realiza a “OJU – Roda Sesc de Cinemas Negros”, ofertando ao público uma seleção de filmes realizados por cineastas negras e negros. Com sessões presenciais no CineSesc, em São Paulo e exibições on-line na plataforma Sesc Digital, a mostra se dedica a promover a diversidade de criadoras e criadores brasileiros e destacar a importância histórica do audiovisual em sua potência poética e política, e sua contribuição para a decolonização do olhar. Mais informações em sescsp.org.br/cinemasnegros.
Do Yorubá, “ojú” significa “olho” e o cinema se inicia pelo olhar, sensibilizado pela luz da projeção. Para o Sesc, a ideia de uma roda de cinema aproxima os sujeitos para juntos compartilharem histórias, se identificarem e, em coletividade, construírem as narrativas. Com esse propósito, a nova mostra busca envolver o público na roda e fazer movimentar pensamentos. Ao ressaltar a produção audiovisual negra, a OJU – Roda Sesc de Cinemas Negros pretende destacar a importância do fazer coletivo, respeitando a singularidade dos diferentes sujeitos, corpos e formas de contar histórias.
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A mostra exibe uma programação de curtas, médias e longas-metragens nacionais, no cinema e na internet, além de debates, cursos e oficinas on-line gratuitos, com objetivo de ampliar a difusão e o acesso a diversas criações, formatos e pensamentos sobre as questões raciais.
A comédia “O Pai da Rita”, de Joel Zito, abre a OJU com uma sessão especial no Cinesesc, no dia 19, às 20h. No filme, Ailton Graça e Wilson Rabelo interpretam dois amigos que partilham o amor pela escola de samba Vai-Vai e um amor de juventude.
Entre os destaques da programação estão a potente ficção “Cabeça de Nêgo”, dirigida por Déo Cardoso, e o documentário “Chico Rei Entre Nós”,de Joyce Prado.Inspirado no livro dos Panteras Negras, Cardoso estreia na direção de longa-metragem com a história de um aluno que, após sofrer insultos racistas na sala de aula, tenta impor mudanças em seu colégio ao enfrentar a direção e colocar em foco o racismo presente na instituição de ensino. Joyce Prado também faz sua estreia na direção de longas, ao narrar a história e legado do rei congolês escravizado que lutou pela liberdade — a sua e a de seu povo — durante o Ciclo do Ouro em Minas Gerais. Joyce faz de Chico Rei o ponto de partida para explorar os diversos ecos da escravidão brasileira na vida dos negros e negras de hoje, entendendo seu movimento de autoafirmação e liberdade a partir de uma perspectiva coletiva.
Entre os curtas-metragens, destaque para o premiado “Sem Asas”, de Renata Martins, que conta a história de Zu, um garoto negro de 12 anos, que vai à mercearia comprar farinha de trigo para a sua mãe e, na volta para casa, descobre que pode voar. O curta foi vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – Melhor Curta-Metragem Ficção, em 2020. Outra obra que recebeu o mesmo prêmio, em 2021, é “República”. Dirigido pela atriz Grace Passô, o curtafoi produzido em sua casa, no centro de São Paulo, durante a primeira fase do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 em 2020. O filme também foi premiado como Melhor Curta-Metragem de Ficção no 53º Festival de Cinema de Brasília e recebeu o Prêmio Abraccine 2020.
A mostra exibe também “Dois Garotos Que Se Afastaram Demais do Sol”, baseado na peça “12º Round” do dramaturgo Sérgio Roveri, que traz o embate entre os boxeadores Emile Griffith e Benny Kid Paret. A obra de Lucélia Sergio e Cibele Appes reflete sobre as lutas e os sonhos de homens negros e foi vencedora do prêmio de Melhor Curta-Metragem no Festival Mix Brasil de 2021.
Ao todo, a Roda Sesc de Cinemas Negros contará com 43 sessões presenciais no Cinesesc, em São Paulo, com venda de ingressos pelo site sescsp.org.br/cinesesc e na bilheteria do cinema. A plataforma Sesc Digital recebe 9 títulos da mostra, que poderão ser assistidos gratuitamente pelo público de todo o Brasil, no endereço sescsp.org.br/oju. Em breve, programação completa de filmes.
Os debates, cursos e oficinas acontecerão em formato on-line e serão gratuitos. Os encontros propõem uma troca entre o público e profissionais do cinema, pesquisadores e pensadores, com o objetivo de debater temáticas presentes no cinema que pensa a diversidade. Os debates contemplam diversos temas e contam com a participação de nomes como a da produtora Lilian Solá Santiago, do realizador Joel Zito Araújo, das cineastas Renata Martins e Glenda Nicásio, da atriz Naruna Costa e do ator Christian Malheiros. Entre os cursos e oficinas serão oferecidas atividades que abordam Roteiro Infantil, Montagem e Financiamento. As inscrições serão realizadas a partir desta sexta-feira, 14/1, às 14h, pelo site sescsp.org.br/inscricoes.
FILME DE ABERTURA
O PAI DA RITA
Dir.: Joel Zito Araújo | Brasil | 2021 | 97 min | Ficção | 16 anos
Roque e Pudim, compositores da velha guarda da Vai-Vai, partilham uma kitinete, décadas de amizade, o amor por sua escola de samba e uma dúvida do passado: o que aconteceu com a passista Rita, paixão de ambos. O surgimento da Ritinha, filha da passista, ameaça desmoronar essa grande amizade.
19/01, Quarta – 20H
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