A educadora e ativista Bárbara Carine publicou um vídeo em suas redes sociais denunciando mais um caso de violência obstétrica na Maternidade Estadual Albert Sabin, me Salvador. O caso ocorreu no dia 29 de novembro, quando Kevelin Paim Barbosa, de 22 anos, e sua bebê morreram por complicações no parto. A jovem deu entrada na maternidade no dia 27 de novembro após sentir dores e com indicação de cesárea, a equipe do plantão decidiu seguir com o parto normal e só no dia 29 decidiram fazer a cirurgia.
“Gostaria muito de saber o que o Ministério Público está fazendo no sentido da condução das investigações, das vítimas, das denúncias de violência obstétrica realizadas dentro dessa maternidade. Eu gostaria de saber do governo do Estado da Bahia, o que tem sido feito para investigar, para apurar esses casos absurdos de violência obstétrica, de racismo obstétrico nessa maternidade. Racismo obstétrico é a violência desferida contra mulheres negras e mães. Vocês sabiam que a taxa de mortalidade materna em mulheres negras é 65% superior às mulheres brancas? Porque são as mesmas que não importam a ninguém. E aí quando a gente vai falar de uma maternidade, como a maternidade de Albert Sabin, a gente está falando de uma maternidade que atende majoritariamente o público negro periférico”, detalhou.
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Em outro caso recente ocorrido no dia 31 de outubro, um bebê morreu durante o parto. De acordo com Liliane Ribeiro, mãe da criança, a médica teria puxado a bebê e lesionado o pescoço da criança com a unha por estar usando uma luva rasgada. Além disso, Ribeiro denuncia ter sofrido uma série de violências, entre elas, ter sido obrigada a passar por um parto normal mesmo com a indicação de cesárea, ter sido destratada pela equipe e abandonada pela médica antes do parto ser finalizado.
Nos dois casos, as mães tinham indicação de cesárea, e as famílias alegam que os bebês tinham sinais vitais normais antes da realização dos partos. Em entrevista para a TV Bahia, a avó de Kevelin, Edilene, contou que na madrugada de sexta-feira: “A médica viu, pelo aparelho ligado para escutar o coração de Valentina, que já não estava batendo”. A avó contou ainda que depois do parto, a médica contou que a bebê havia nascido com o cordão umbilical enrolado no pescoço e não resistiu. A mãe apresentou complicações e foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e também não resistiu.
A família registrou o caso na 13ª Delegacia Territorial de Cajazeiras, que deve investigar as mortes. Os laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) devem colaborar com as investigações. Em nota, a Secretaria de Saúde da Bahia afirmou ter aberto uma sindicância para investigar o caso de Kevelin.
Já no caso de Liliane, a secretaria emitiu uma nota, dizendo:
“A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) manifesta profunda consternação diante do incidente ocorrido na maternidade Albert Sabin. Reiteramos que nossa prioridade é a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos, incluindo pacientes, familiares e profissionais de saúde.
Esclarecemos que, após a ocorrência de um desfecho infeliz durante o procedimento obstétrico, todas as medidas de apoio e acolhimento à família foram imediatamente tomadas, em respeito à dor enfrentada neste momento delicado.
Ressaltamos ainda que uma sindicância será rigorosamente conduzida para apurar com transparência as circunstâncias do óbito, respeitando os direitos dos envolvidos e mantendo o compromisso com a ética e a excelência no atendimento.
Além disso, é inadmissível que qualquer profissional da área seja submetido a atos de violência enquanto cumpre seu dever de cuidado e assistência, e reforçamos que esse tipo de conduta jamais será tolerado em nossas unidades. Nossas equipes de saúde seguem empenhadas em oferecer o melhor cuidado possível, reafirmando a importância do diálogo e do respeito mútuo para enfrentarmos com solidariedade situações tão difíceis”.
Em seguida, publicou um novo comunicado defendendo a atuação dos profissionais:
Todos os profissionais da Maternidade Albert Sabin são orientados a dar um tratamento digno a todos as pacientes. As condutas devem ser pautadas por um bom acolhimento e melhor assistência.
A Secretaria da Saúde do Estado tem investido constantemente em todas as unidades para qualificar os espaços. A Maternidade Albert Sabin passou por diversas reformas. Na última foi ampliada e ganhou um centro de parto normal UTI infantil.
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