Quem era o príncipe de Osu, na África Ocidental, que Klimt imortalizou em tela perdida?

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Quem era o príncipe de Osu, na África Ocidental, que Klimt imortalizou em tela perdida?

Um retrato há muito considerado perdido do pintor austríaco Gustav Klimt (1862-1918) reapareceu após 85 anos e está sendo oferecido por € 15 milhões (cerca de R$ 80 milhões) na principal feira de arte de Maastricht, na Holanda, a TEFAF. A pintura, que mostra o príncipe William Nii Nortey Dowuona, da região de Osu, onde atualmente fica Gana, foi descoberta por acaso após um casal de colecionadores levá-la — suja e em uma moldura inadequada — à galeria vienense Wienerroither & Kohlbacher, especializada em Klimt.

O príncipe William Nii Nortey Dowuona era um nobre do povo Osu, no atual Gana (então Costa do Ouro, região que foi colônia britânica), e sobrinho do rei Osu, sendo enviado à Áustria em 1897 como líder de uma delegação. Sua vida após o retorno à África permanece um mistério, sem registros detalhados sobre seu destino.

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A expedição que Dowuona integrou foi organizada pelo diretor do Zoológico de Viena, que realizou uma exposição que incluía não apenas animais, mas também pessoas de diferentes culturas — uma prática comum na época, mas reconhecidamente racista. Além de Klimt, o pintor Franz Matsch também o retratou — uma tela hoje exposta no Museu Nacional de História e Arte de Luxemburgo.

Retrato do príncipe William Nii Nortey Dowuona feito por Franz Matsch, exposto no Museu Nacional de História e Arte de Luxemburgo.

O retrato que sumiu por 85 anos

A pintura de Klimt, no entanto, desapareceu após ser exibida pela última vez em 1938. Por décadas, historiadores da arte acreditaram que ela poderia ter sido destruída ou permanecido em uma coleção privada desconhecida. Até que, recentemente, um casal de colecionadores levou uma tela suja e em mau estado para a galeria Wienerroither & Kohlbacher, em Viena, especializada na obra do artista.

“Ela estava tão descaracterizada que não parecia ser um Klimt”, disse Alois Wienerroither, diretor da galeria, à DW. Mas após uma minuciosa limpeza, revelou-se não apenas uma obra autêntica do mestre austríaco, mas também um elo perdido em sua transição artística — ainda com traços realistas, mas já com o fundo floral que marcaria seu estilo posterior.

Por que essa pintura é tão especial?

Além de seu valor histórico, o retrato do príncipe Dowuona é uma raridade na obra de Klimt, conhecido sobretudo por seus retratos femininos e dourados, como “O Beijo” e “A Dama de Dourado”. A tela recém-redescoberta mostra um momento de intercâmbio cultural pouco documentado, em que um nobre africano foi imortalizado por um dos maiores nomes da arte europeia.

“É uma peça-chave para entender a evolução de Klimt”, afirma Wienerroither. “E também uma janela para uma história que muitos não conhecem.”

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