
Por: Ricardo Corrêa
A pergunta comum nas redes sociais quando chega o dia 15 de outubro — Dia dos Professores — é: “Quantos professores negros você teve na universidade?”. E a maioria das respostas não surpreende: “um”, “nenhum”, “dois”, “três”, no máximo. A escassez de docentes negros acontece em vários cursos, seja em instituição pública ou privada.
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Como aluno de universidade pública, em duas formações distintas, incluindo uma pós-graduação, tive apenas dois professores negros. Conheço pessoas negras que frequentaram cursos de especialização sobre algum campo da cultura negra, e os professores, na maioria, eram brancos. Pesquisas sobre o quadro de docentes na Universidade de São Paulo (USP) apontam que menos de 3% dos professores são negros.
Para uma sociedade de mentalidade racista, as pessoas negras devem ocupar posições desprivilegiadas, que não lhes possibilitem sair do gueto social. Embora a representatividade mereça destaque, o foco aqui é a ausência de equidade num sistema que nos exclui mesmo quando somos maioria. Em princípio, a indignação reside no contingente populacional no qual somos mais da metade. Que democracia é essa que políticos e diferentes autoridades costumam citar com orgulho em suas declarações públicas? O povo negro desconhece!
É até curioso ver os brancos preocupados com a Inteligência Artificial substituindo postos de trabalho, alarmando as pessoas sobre tal situação. Para nós, o racismo antecede esse temor dos brancos.
No entanto, mesmo existindo forças contrárias à participação dos negros em igualdade com os brancos no exercício da docência universitária, não recuaremos. A educação é elemento da construção da revolução, quando for sob os nossos termos.
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