
A comunidade senegalesa em São Paulo organiza para esta segunda-feira (14), às 15h, na Praça da República, um protesto para exigir justiça pela morte do vendedor ambulante Ngange Mbaye, de 34 anos, baleado por um policial militar durante uma abordagem na região do Brás na última sexta-feira (11). O caso, registrado como “morte decorrente de intervenção policial”, gerou comoção internacional e críticas de entidades de direitos humanos pela morte do imigrante, que deixou a esposa grávida de sete meses.
Um ambulante senegalês de 34 anos morreu nesta sexta-feira (11) após ser baleado durante uma ação de fiscalização da Prefeitura de São Paulo. Segundo testemunhas, ele foi atingido por um disparo abaixo do abdômen durante um confronto ocorrido na rua Viturali, no centro da cidade,… pic.twitter.com/aWQVRcdjF8
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— GloboNews (@GloboNews) April 11, 2025
Um primo do senegalês e registros em vídeo confirmam que os agentes começaram a agredir Mbaye com cassetetes quando ele tentou impedir a apreensão de mercadorias de uma colega na Rua Joaquim Nabuco. Foi somente após receber múltiplos golpes que o ambulante pegou uma barra de ferro para se defender, avançando então contra os policiais – momento em que um dos PMs efetuou o disparo fatal no abdômen do vendedor.
O caso gerou comoção na imprensa do Senegal, onde a ministra senegalesa de Integração Africana e Negócios Estrangeiros, Yassine Fall, emitiu uma nota afirmando que o governo estava tomando “medidas, por meio da nossa representação diplomática, para elucidar as circunstâncias dessa morte trágica”. Um protesto realizado no Brás no sábado de manhã terminou com mais um ato violento da PM de São Paulo, que lançou gás lacrimogêneo contra os manifestantes após alegar que uma garrafa havia sido lançada contra os policiais.
Investigação em andamento
A SSP informou que o policial envolvido foi afastado e que o DHPP investiga o caso como “morte decorrente de intervenção policial”. Entidades de direitos humanos classificaram o episódio como mais um exemplo de violência institucional contra imigrantes negros
O Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante emitiu uma nota que destacou “o quanto a violência institucionalizada segue fazendo vítimas”:
“Recebemos com profunda tristeza e indignação a notícia da morte do comerciante senegalês Ngange Mbaye, ocorrida no dia 11 de abril de 2025, no bairro do Brás, em São Paulo. Mais uma vez, um homem negro, migrante e trabalhador tem sua vida interrompida de forma violenta em um contexto de repressão e abordagem policial desmedida.
Ngange Mbaye atuava como vendedor ambulante quando foi abordado por policiais militares.
Casos como este revelam o quanto a violência institucionalizada segue fazendo vítimas, especialmente entre as populações negras, periféricas e migrantes. São vidas tratadas como descartáveis, em um ciclo cruel de exclusão e negligência.
Expressamos nossa solidariedade à família de Ngange, à comunidade senegalesa e a todas as pessoas migrantes que, diariamente, enfrentam racismo, xenofobia e precarização em suas rotinas de trabalho e sobrevivência.
É fundamental que haja uma investigação rápida, transparente e imparcial sobre o caso, com a devida responsabilização dos envolvidos e adoção de medidas concretas para que tragédias como essa não se repitam.”
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