
Texto: Rachel Maia
Nos últimos anos, temos assistido a uma mudança significativa nas dinâmicas de trabalho e representatividade no Brasil. Profissionais negros vêm construindo suas trajetórias com estratégia, resiliência e, sobretudo, protagonismo. Esse avanço não é aleatório: é resultado direto da ampliação do debate sobre diversidade, equidade e inclusão nas organizações e na sociedade.
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Mesmo diante de discursos que tentam deslegitimar a equidade racial, os dados são contundentes: a presença de profissionais negros tem crescido em todos os setores do mercado. Ainda que essa presença não reflita, por completo, a composição da sociedade, o esforço para acelerar essa transformação diz muito sobre o compromisso que seguimos reafirmando.
Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), 50,3% dos estudantes das universidades federais são negros ou pardos — muitos já em processo de formação como futuras lideranças. O número de CEOs negros cresceu 30% em cinco anos no Brasil, com destaque para startups e negócios de impacto social (Movimento BlackRocks, 2023).
A representatividade negra em conselhos de grandes empresas aumentou 120% entre 2020 e 2023, impulsionada por programas de trainees exclusivos e políticas corporativas de diversidade (Valor Econômico, 2023).
No LinkedIn, o número de profissionais negros em cargos de liderança subiu 60% em quatro anos, com destaque para as áreas de marketing, vendas e tecnologia (Relatório LinkedIn – Equidade Racial, 2023).
Fatores como o acesso ao ensino superior, o fortalecimento do empreendedorismo e redes de networking intencional — como a RM Cia 360, RM Internacional – Brasil Continente Africano, Hub Negras Plurais, AfroBusiness e Pretos no Topo — têm potencializado conexões e impulsionado a criação de ecossistemas de oportunidade.
Dizer o óbvio segue sendo necessário. E, neste caso, é fundamental reiterar o porquê de um discurso persistente. Não se trata apenas de ocupar cargos; trata-se de redesenhar estruturas para que a economia alcance, de fato, todas as camadas da sociedade.
A tecnologia como ferramenta de visibilidade
Com o uso estratégico das redes sociais e de plataformas digitais, profissionais negros passaram a ter mais controle sobre suas próprias narrativas. LinkedIn, YouTube e Instagram têm sido utilizados como espaços de autopromoção, educação, denúncia e inspiração.
Essa presença digital tem permitido a ampliação da visibilidade de conquistas, histórias e referências que por muito tempo foram invisibilizadas, contribuindo para a desconstrução de estereótipos e para a formação de novos referenciais. Profissionais negros estão, cada vez mais, criando estratégias que aliam inovação e competitividade.
Hoje, a articulação de carreira desses profissionais representa mais do que a ascensão individual: é um movimento coletivo que propõe um mercado mais justo, inclusivo e inovador. O objetivo não é apenas ascender — é garantir que outros possam ascender também.
A ascensão dos profissionais negros é, acima de tudo, um processo de transformação estrutural. Uma potência coletiva que desafia padrões e propõe novos caminhos.
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