
Professoras organizaram uma vaquinha entre elas para pagar um procedimento capilar que transformasse o cabelo crespo tipo 4C de uma adolescente negra em um modelo com cachos e causou revolta nas redes sociais.
A garota foi exposta em uma gravação feita pela própria cabelereira. Ao questionar para a garota o que ela queria fazer nos cabelos, ela respondeu: “A minha professora mandou fazer cachos”. Segundo a profissional, as docentes se reuniram na escola para pagar pela transformação, como forma de presente. Em seguida, ela é apresentada com os cachinhos baixinhos e uma maquiagem que também embranqueceu a sua pele retinta.
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“Extremamente problemático!”, criticou a professora antirracista Bárbara Carine, conhecida como Uma Intelectual Diferentona, que trouxe o caso à tona. “Muito provavelmente as professoras que se reuniram pra fazer essa vaquinha, pra doar um permanente afro no intuito de apagar, desconfigurar, descaracterizar essa identidade retinta com o cabelo 4C que ela tem, fizeram isso na maior das intenções.”
“Muito possivelmente elas se sentem incomodadas por essa estética presente na sala de aula e elas pensam o seguintes: ‘se isso me incomoda, imagina ela, vamos ajudar'”, reflete.
No vídeo, Bárbara também identifica o comportamento acuado da garota. “A jovem começa o vídeo em uma postura curvada, falando baixo, uma timidez socialmente programada para pessoas negras desajustadas em um contexto social, pessoas negras que não se reconhecem, empoderadas socialmente, e o vídeo termina com ela falando do mesmo jeito, com a mesma postura”, avalia. “Transformar esse cabelo 4C em um cabelo cacheado, não vai trazer empoderamento nenhum pra vida de uma pessoa, a menos que a pessoa tenha consciência disso, a menos que a pessoa queira muito isso.”
Segundo a educadora, empoderamento é ter consciência critica racial da sua identidade. “Saber-se linda. Saber que esse seu cabelo é sua coroa. Saber que ela existe com uma identidade que vai para além de uma dimensão estética, mas que é uma identidade histórica. Saber que ela tem uma identidade cultural. Saber que ela tem memórias positivas. Saber que pessoas parecidas com ela produziram e produzem coisas incríveis no mundo hoje.”
Para fazer um bem a adolescente, as professoras deveriam trazer perspectivas africanas, afro diaspóricas, afro-brasileiras, disse Bárbara. “Fiquei muito triste, muito incomodada com vida e espero que isso chegue para essas professoras”, desabafou.
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