Em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador (BA), uma iniciativa inovadora está chamando a atenção. A educadora Noêmia Verúcia, do Centro Municipal de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos, vestiu bebês de 6 meses a 1 ano com becas representando profissões como advogados e psicólogos, em uma ação que emocionou os pais. O gesto, segundo Verúcia, visa mostrar às famílias que, apesar das dificuldades da região, marcada pela violência e pobreza, seus filhos têm potencial para alcançar qualquer profissão: “Eu vesti os bebês de beca para mostrar aos pais que eles podem ter um futuro de sucesso”, explicou a educadora em reportagem publicada pelo Estadão.
O projeto, intitulado “Berçário Reluz”, vai além das fotos. Ao longo do ano, a escola realiza diversas atividades externas à valorização da cultura africana e afro-brasileira, mesmo com bebês tão pequenos. O uso da música, por exemplo, é uma ferramenta central, e, no ano passado, a canção Cupido Erê , da cantora Larissa Luz, foi escolhida como guia para as atividades pedagógicas. “Eles param, prestam atenção, veem as palavras”, comenta Verúcia, relatando a resposta das crianças ao som da música.
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A iniciativa rendeu à Verúcia o reconhecimento na 9ª edição do Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero, promovido pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), que homenageia projetos pedagógicos que promovem a equidade racial e de gênero nas escolas. O prêmio, que existe desde 2002, tem como objetivo valorizar educadores que promovam práticas antirracistas, contribuindo para a formação de uma sociedade mais inclusiva.
Além das experiências musicais, a escola promoveu uma atividade chamada “Comida de Erê”, que traz frutas dinâmicas em um ambiente repleto de referências africanas e indígenas. Outra proposta foi a criação de um “espaço afrofuturista”, decorado com elementos étnicos e sensoriais que remetem à cultura africana, onde as fotos dos bebês vestidos com becas também foram expostas.
Para Noêmia Verúcia, o impacto das atividades se estende não apenas às crianças, mas também aos adultos. “Eu não estava trabalhando só com o bebê, mas também com pessoas adultas, porque os bebês não têm preconceitos”, destacou. Ela relatou que, com o tempo, funcionários da escola que inicialmente questionaram as ações passadas a considerar a importância das atividades antirracistas.
Para Daniel Bento Teixeira, diretor-executivo do CEERT, o racismo atinge crianças negras já na primeira infância. “Há estudos que mostram a diferença de afeto entre bebês negros e brancos”, afirmou Teixeira, ressaltando a importância de iniciativas como a de Noêmia Verúcia para transformar essas realidades.
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