Em vídeo publicado nas redes sociais no dia 12 de outubro, a escritora e professora Bárbara Carine fez críticas a uma campanha publicitária do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), apontando o racismo na escolha da imagem de uma mulher negra como exemplo de prática ilegal da medicina. O outdoor em questão, que visa combater o exercício ilegal da profissão, exibe a foto duplicada de uma mulher negra com a legenda: “Uma delas é falsa. Na dúvida, consulte o site do Cremeb.”
Ao trazer à tona o debate sobre a representatividade de pessoas negras em peças publicitárias e na comunicação como um todo, Carine apontou como problemática a associação feita pela campanha, considerando o fato de que não é comum ver pessoas negras praticando medicina sem diploma. Segundo a educadora, esse tipo de crime costuma ser associado a pessoas brancas, que utilizam seus privilégios para enganar os outros.
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A controvérsia também chegou à esfera política. O vereador Sílvio Humberto (PSB) protocolou no dia 9 de outubro uma moção de repúdio na Câmara Municipal de Salvador, pedindo a retirada do outdoor e cobrando do Cremeb um compromisso com políticas de combate ao racismo. “Infelizmente, os profissionais de saúde negros frequentemente enfrentam estereótipos e preconceitos no ambiente de trabalho. Desde a suspeita de competência até a falta de oportunidades de avanço na carreira”, escreveu o parlamentar, destacando os obstáculos enfrentados por médicos negros no Brasil.
Em resposta às críticas, o Cremeb divulgou uma nota informando que a imagem da mulher negra é apenas uma das três peças da campanha, que inclui também imagens de pessoas brancas. O conselho afirmou que a intenção era representar a diversidade da sociedade e assegurar que diferentes grupos fossem retratados.
Mesmo após a explicação do Cremeb, Bárbara Carine manteve seu posicionamento, questionando a forma como a figura da mulher negra foi isolada na publicidade. Em novo vídeo, ela reafirmou que a escolha da imagem reforça uma percepção negativa. “Uma diversidade muito pouco inteligente, ao colocar um sujeito isolado ali, para representar algo de negatividade. Como falei, eu só vi, no meu trajeto, pessoas negras. Muitas outras pessoas negras podem só se ver. E se pessoas negras estão trazendo que estão incomodadas, isso deveria ser minimamente um sinal de sensibilidade para essa problemática”, declarou a escritora.
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