No primeiro Dia da Consciência Negra, oficialmente celebrado como feriado nacional no Brasil, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) indiciou por racismo o professor Thiago Martins Maranhão, de 41 anos, e a argentina Carolina de Palma. O caso, que gerou ampla repercussão, ocorreu em uma roda de samba no Centro do Rio de Janeiro, onde os dois foram filmados imitando macacos durante a apresentação.
A delegada Rita Salim, titular da Decradi, afirmou que a investigação apontou discriminação racial no episódio. “A dança imitando macaco remete a todo um racismo que é histórico, uma comparação que é feita entre animais e pessoas negras, no sentido de desumanizá-las”, explicou. O inquérito já foi enviado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), e a pena prevista para o crime de racismo varia entre três e cinco anos de prisão.
Notícias Relacionadas
Estagiária, estudante da PUC-SP, é demitida após ofensas a cotistas em jogos universitários
Manchete da Folha de S. Paulo sobre lavar 'tranças africanas' reforça estereótipos sobre penteados de pessoas negras
Thiago, que vive em São Paulo, estava no Rio para participar de um fórum de educação musical. Em depoimento, afirmou que a dança fazia parte de uma expressão criativa e que, além de imitar macacos, também reproduziram movimentos de caranguejos, pássaros e até uma árvore. Carolina apresentou defesa semelhante por meio de seus advogados, negando qualquer intenção discriminatória.
“Isso não é permitido nem em tom de brincadeira, porque racismo recreativo é punido pela lei. Liberdade de expressão encontra limite no direito do outro e, no caso, feriu a dignidade da pessoa humana”, enfatizou a delegada.
As imagens do ato racista foram capturadas pela influenciadora e jornalista Jackeline Oliveira, que também testemunhou no inquérito. Para Jackeline, a repercussão do caso demonstra o impacto da mobilização coletiva nas redes sociais e na mídia. “Nenhum avanço nas questões raciais vem sem luta. O fato de esse caso avançar hoje, no primeiro Dia da Consciência Negra como feriado nacional, é simbólico e fundamental”, afirmou.
Jackeline destacou ainda que as denúncias de racismo têm ganhado mais força, refletindo uma sociedade mais atenta e disposta a combater a discriminação. Segundo o Instituto de Segurança Pública, mais de 1.700 denúncias de racismo foram registradas no estado do Rio de Janeiro em 2024. “Racismo não é brincadeira, é crime”, concluiu a jornalista.
Notícias Recentes
'Vim De Lá: Comidas Pretas': Mariana Bispo apresenta especial sobre gastronomia brasileira com origem africana
Ministério da Igualdade Racial lança projeto para enfrentar racismo no transporte público do Rio