Produtores culturais lançam catálogo inédito sobre a coleção de arte africana do Museu da Abolição

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Produtores culturais lançam catálogo inédito sobre a coleção de arte africana do Museu da Abolição
Isabelle e Wellington, articuladores do Mandume. Foto: Sandir Costa

A publicação digital foi elaborada por produtores culturais negros de Pernambuco e apresenta registros fotográficos e catalográficos inéditos deste acervo


“Cultura material africana: primeiro catálogo do Acervo de Arte Africana do Museu da Abolição” é o título da publicação inédita que será lançada nesta quinta-feira em um evento virtual. A obra, assinada por Isabelle de Oliveira Ferreira, Sandir Barros Costa e Wellington Ricardo da Silva, será publicada pela Editora Universitária (UFPE) e estará disponível gratuitamente para download no site da mesma e do Museu da Abolição no próximo dia 27.

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Às 19h desta quinta-feira será realizado o lançamento oficial do catálogo, em live transmitida pelo perfil do Instagram
do MAB e do Mandume Coletivo Cultural, coletivo que se propõe a repensar o lugar da população afro-pernambucana no mercado cultural a partir do desenvolvimento de projetos, ações formativas e consultorias.

Escultura Olumeye da etnia iorubá. Foto: Mandume Cultural

A publicação contou com recursos do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), do Governo do Estado de Pernambuco, na modalidade de Microprojeto Cultural. O objetivo da obra é permitir o acesso gratuito, integral e facilitado ao acervo de arte africana do Museu da Abolição (MAB), localizado no Recife, e a partir daí fomentar reflexões sobre a importância do universo cultural africano que problematizem as narrativas encontradas na indústria cultural, que frequentemente partem das perspectivas fetichizadas, estereotipadas e esvaziadas de reflexões sobre aspectos de África.

O acervo de arte africana do MAB é uma amostra da cultura material de povos sofisticados, desenvolvidos e que se preocupam com noções de sustentabilidade, tecnologia, inovação, desenvolvimento e ancestralidade. A publicação do catálogo busca ser um elemento de colaboração à tarefa de restituir imaginários sobre a importância da estética africana para o mundo, considerando África o berço da humanidade e dando, em especial, aos afro-pernambucanos e afro-brasileiros a possibilidade de conhecer um pouco o universo dessa grande matriz de formação da identidade cultural brasileira a partir de um viés que não seja as memórias da escravidão e as mazelas do racismo.

“Cada elemento presente neste catálogo foi pensado para ampliar a experiência do leitor e aguçar ainda mais as reflexões sobre o valor cultural e histórico dessa coleção. Um conjunto de elementos, como cores, tipografias, fundos, ângulos, imagens, ilustrações e alguns termos foram aprimorados para comportar os principais atributos deste acervo”, destaca Wellington Silva, produtor cultural e um dos idealizadores do catálogo.

Mácara Facial Baule. Foto: Mandume Cultural.

Graças à publicação do catálogo digital, o público poderá ter acesso a toda coleção de arte africana do MAB que, até o início de 2022, apenas 32 peças haviam sido expostas no museu. Com a conclusão em breve da reforma no MAB e a flexibilização das regras de convívio com a Covid-19, a perspectiva é de que os frequentadores voltem a ter acesso in loco à coleção.

“Acreditamos que com o catálogo será possível levar o acervo para fora dos muros institucionais do MAB. O acesso gratuito a esse material poderá aproximar diversos públicos de uma coleção com grande potencial de pesquisa e trabalhos culturais. Com o fechamento do MAB devido à reforma, o acesso a essa coleção, em sua completude em exposições, ainda é incerto, mas, a nossa certeza é, que diversas pessoas conhecerão essas peças por meio desse material”, pontua Isabelle Ferreira, pesquisadora e uma das idealizadoras do catálogo.

Além de Isabelle Ferreira, Sandir Costa e Wellington Silva, o evento de lançamento contará com a participação de Suênia Damásio, Sales Mesmo, Luana de Oliveira, Jefferson Henrique e Thuanye Duarte, jovens negros selecionados para compor a construção do conteúdo fotográfico destinado ao material e participar da imersão sobre cultura material. A iniciativa incluiu formações sobre África e diáspora, arte africana, fotografia e produção cultural, através de atividades presenciais que respeitaram todos os protocolos de segurança diante do novo coronavírus.

O acervo de cultura africana do MAB guarda aspectos marcantes de países e grupos étnicos de África, sobretudo formas de criar, cultuar e perceber o universo através de esculturas, máscaras e outros tipos de objetos. São 107 peças oriundas de 12 nações africanas: Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Máli, Nigéria, República Democrática do Congo, Serra Leoa e Zimbábue.

As peças do acervo de arte africana chegaram ao MAB em dezembro de 2016, graças a uma apreensão da Receita Federal. O museu foi beneficiado pela Lei n° 12.840 de 9 de julho de 2013, que determina a destinação aos museus federais de todos os bens de valor cultural, artístico ou histórico que passem a fazer parte do patrimônio da União por meio de apreensões em controle aduaneiro ou fiscal, seguidas de penas de perdimento, após processos administrativos e jurídicos.

Serviço:
O que: Lançamento do catálogo digital “Cultura material africana: primeiro catálogo do
Acervo de Arte Africana do Museu da Abolição”
Quando: Dia 27/01
Onde: Instagram do Museu da Abolição (@museuabolicao) e do Mandume Coletivo Cultural
(@mandumecultural)
Horário: 19h
Evento online e gratuito

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