Texto: Viviane Elias Moreira
Está aberta a vaga para empresas que tenham interesse na posição da diretoria de respeito a profissionais pretos. Procuramos empresas interessadas em preencher essa posição com urgência! O papel é claro e desafiador: promover um ambiente de trabalho justo e ético para profissionais pretos, combatendo práticas de assédio moral, racismo estrutural e garantindo que o respeito seja, de fato, uma prioridade. Este vaga tem o período de experiência de 30 dias durante o mês de novembro, mas com grandes chances de efetivação para os próximos 11 meses.
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Procuram-se empresas para a posição de diretor de respeito a profissionais pretos
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Como pré-requisitos para a vaga, buscamos empresas que evitem, ativamente, o tratamento diferenciado e as expectativas de “superação” que recaem muitas vezes sobre profissionais pretos, implementem práticas de reconhecimento justo e igualitário para que profissionais pretos tenham as mesmas oportunidades de crescimento, promoção e reconhecimento de outros profissionais sem depender de “aprovações” informais, que construam um canal de ética realmente funcional, antidiscriminatório e seguro, que adote iniciativas que eliminem práticas de assédio e discriminação racial, com ênfase em um tratamento igualitário, sem diferenciações veladas ou expectativas desproporcionais.
Será considerado um diferencial as empresas que tenham experiência em garantir que os profissionais pretos possam falar sobre suas vivências sem receio de retaliações, tenham um uma liderança pautada em promoção de um ambiente ético e respeitoso e que não julguem qualquer posicionamento de profissionais pretos com rótulos já definidos atrelando a sua luta racial a posicionamentos corporativos.
Não serão consideradas para esta posição empresas com experiência somente de apresentações corporativas com data-base de 2020, que insistam em elaborar cartilhas de diversidade e inclusão com capítulos livros, filmes e glossário sobre a questão racial no Brasil, que tenham um único profissional negro em posição de liderança que é o Token e que procurem no LinkedIn durante o mês de novembro pessoas pretas para palestras de conscientização pro-bono ou oferecendo “visibilidade”, uma ecobag e coffe-break.
Também não serão consideradas para esta posição startups que adotem discursos de mudança para profissionais pretos e acabam reproduzindo as práticas excludentes de assédio moral ligado ao racismo estrutural, como o clássico “você tem que ser melhor que os outros para provar seu valor”, “não seja tão sensível ou radical: é só uma brincadeira ou é só um ponto de vista diferente” e onde profissionais pretos não são reconhecidos por suas entregas e veem suas ideias serem “validadas” apenas quando vindas de colegas não negros (neste item incluem-se as startups “disruptivas” e cheia de aliados desconstruídos e não vai adiantar oferecer uma pulseirinha vip para o show do ano na Faria Lima menzinho).
Uma das principais responsabilidades da empresa que ocupar esta posição será a reversão dos indicadores de mercado, como, por exemplo, os indicadores da pesquisa realizada pela Unifesp, que indica que os profissionais pretos estão significativamente mais suscetíveis a desenvolverem ansiedade e depressão devido ao racismo no ambiente de trabalho ou do IBGE que aponta que apenas 29% dos trabalhadores pretos ocupam cargos de liderança no Brasil, e, ainda assim, sofrem mais pressões psicológicas para “se provarem” continuamente.
Como benefícios para a empresa selecionada, nós profissionais pretos vamos aumentar a inovação e a criatividade ao integrar nossas perspectivas que serão realmente consideradas, impulsionarmos o desenvolvimento de produtos e serviços com foco em resultados financeiros e ajudarmos na construção de uma cultura corporativa pautada no respeito. Estes benefícios serão complementares a nossa principal responsabilidade, pois por mais que as empresas não acreditem: nós conseguimos entregar resultado. Como benefícios diferenciais trazemos a fortalecimento da reputação da empresa, redução de turnover e aumento o engajamento.
Se sua empresa está pronta para assumir essa responsabilidade e realmente avançar em direção a uma cultura de respeito aos profissionais pretos, encaminhe o perfil desta empresa nos comentários deste texto. Esta vaga estará recebendo perfis para participação no processo durante todo o mês de novembro, pois aparentemente é o mês que o tema racial se torna menos sensível para ser tratado no ambiente corporativo e segundo pesquisa realizada no horário de almoço no condado da zona sul de sampa, o tema “Somos todos antirracistas. Somos todos Vini Jr” ainda está nos top 3.
Esperamos ao menos um nome de uma empresa candidata para o cargo, afinal a empresa que ocupar esta posição, assumindo realmente o papel de respeito a profissionais pretos, terá uma vantagem competitiva relevante no mercado, pois até o ano de 2024, o Brasil já tem empresas demais que dizem nos valorizar, mas poucas que realmente sabem o que isso significa.
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