Primeiro prefeito negro de Tulsa anuncia fundo de US$ 105 milhões para descendentes do Massacre de 1921

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Primeiro prefeito negro de Tulsa anuncia fundo de US$ 105 milhões para descendentes do Massacre de 1921
O prefeito de Tulsa Monroe Nichols - Foto AP

Em um gesto histórico, Monroe Nichols, o primeiro prefeito negro da cidade de Tulsa, anunciou neste domingo (1º) a criação de um fundo privado de US$ 105 milhões para tentar reparar os impactos duradouros do Massacre Racial de 1921. O plano inclui recursos voltados à moradia, bolsas de estudo, preservação cultural e apoio a pequenos negócios de descendentes das vítimas do ataque.

O anúncio aconteceu no Greenwood Cultural Center, no coração do distrito de Greenwood — área que, no início do século 20, era uma das comunidades negras mais ricas dos Estados Unidos. Conhecida como “Black Wall Street”, Greenwood foi destruída em 1921 por uma turba branca armada, em um dos maiores atos de violência racial da história americana. Estima-se que até 300 pessoas negras foram assassinadas, mais de 10 mil ficaram desabrigadas, e mais de mil residências e negócios foram incendiados.

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Hoje, mais de 100 anos depois, ainda há sobreviventes vivos do massacre, como Viola Fletcher e Lessie Randle, ambas com mais de 110 anos, que seguem cobrando reparações e reconhecimento pelos danos sofridos.

“Eu estou aqui querendo justiça” disse Viola Fletcher. “Eu estou aqui pedindo para o meu país reconhecer o que acontece em Tulsa, em 1921”. Foto: Reprodução NPC.

O fundo, chamado Greenwood Trust, será dividido em três eixos: US$ 24 milhões para garantir acesso à moradia e propriedade a famílias descendentes; US$ 60 milhões para reabilitar estruturas históricas, revitalizar espaços urbanos e remover áreas degradadas; e US$ 21 milhões voltados a microcrédito, bolsas de estudo e aquisição de terrenos para empreendimentos liderados por pessoas negras.

O prefeito pretende captar todo o valor por meio de doações privadas até junho de 2026, com administração independente e conselho gestor próprio. “Vamos fazer esses investimentos para reconstruir o distrito de Greenwood e devolver a Tulsa a comunidade que deveríamos ter sido”, declarou Nichols durante a cerimônia, marcada também pela criação de um feriado municipal em memória às vítimas do massacre.

Embora o plano não ofereça compensações financeiras diretas aos sobreviventes, Damario Solomon-Simmons, advogado das vítimas e fundador da organização Justice for Greenwood, elogiou o anúncio. “Muitas das propostas refletem o que nossa comunidade vem exigindo há anos. Estamos prontos para transformar essas ideias em resultados concretos”, afirmou.

Além dos investimentos, Nichols anunciou a liberação de mais de 45 mil registros históricos e documentos públicos sobre o massacre, muitos deles inéditos. “É hora de tirar nossa história das sombras”, disse.

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