Com o intuito de resgatar a memória da resistência negra, o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes, sancionou na última quarta-feira (31), um projeto de lei que altera o nome da Praça da Liberdade para “Liberdade África-Japão”.
Criada pelo Deputado estadual Reis e a vereadora Luana Alves, a mudança foi publicada na última quarta no Diário Oficial, mas a proposta foi aprovada em maio pela Câmara Municipal.
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Em 2018, a Praça da Liberdade também teve seu nome alterado. Foi adicionado o nome “Japão”, porém, não teve as placas alteradas. Agora com essa nova mudança as placas serão trocadas pelo novo nome.
A Liberdade, hoje é muito conhecida por ser um dos principais lugares que preserva a cultura japonesa em São Paulo. Logo no início há um Torii, portal japonês, lojas e restaurantes tradicionais e outras lojas (e pessoas) voltadas para o mundo dos animes.
Mas nem sempre foi um lugar sobre a imigração japonesa, mas sim sobre a resistência negra. O bairro da Liberdade surgiu pelo sofrimento e resistência do povo negro paulista.
Na época da escravidão, a praça era conhecida como Largo da Forca, por ser o lugar onde negros escravizados acusados de algum crime ou fugitivos eram levados para sofrer enforcamento público.
É também ali que ergueu-se em 1774 o Cemitério dos Aflitos, a primeira necrópole pública da cidade de São Paulo e também local onde indigentes, escravizados e indígenas eram sepultados. Em 1858, o cemitério foi desativado para que o bairro surgisse, mas a memória permaneceu de pé na Capela dos Aflitos, que será revitalizada.
Tanto o Largo da Forca, como a Capela dos Aflitos e a comunidade negra foram os principais fatores para se criar a “Liberdade”. Em 1821, um militar negro, conhecido como Chaguinhas, foi condenado a morte por liderar um motim em Santos por pagamento de salarios. Ele ficou na Capela dos Aflitos até 1822, ano da Independência do Brasil, quando foi levado ao Largo da Forca.
Mas a história de Chaguinhas não acaba por aí. O militar negro foi levado para enforcamento público e a corda arrebentou duas vezes, enquanto gritava por “liberdade’. Na terceira tentativa ele morreu. Depois desse acontecimento, Chaguinhas foi considerado, mesmo que não canonizado, “santo negro da Liberdade”. Até hoje devotos do santo popular colocam bilhetinhos na porta da Capela para pedir intercessão.
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