Awdrey Ribeiro, de 21 anos, está lidando com as consequências físicas do estresse que passou no último sábado (12) , ao olhar roupas nas Lojas Renner do Madureira Shopping, no Rio de Janeiro. Depois de ter sido constrangida de maneira racista, Awdrey começou a ter feridas pelo corpo. A informação é do Jornal Extra.
“Cheguei ao shopping, entrei na Renner, peguei um top e estava indo até o provador para experimentar, quando, de repente, uma segurança tomou minha frente, me deu um empurrão para dentro da cabine do provador, gritou comigo, pedindo: “Me devolve tudo que você pegou” e dizendo que eu tinha roubado um casaco. Eu disse que não tinha roubado nada. Não satisfeita, ela puxou minha bolsa, mexeu e pegou um casaco verde”, contou Awdrey.
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“Quando ela olhou a etiqueta, viu que era da Redley. Como vou roubar um casaco antigo e de outra marca? Quando ela viu que a peça não era da loja e que outros clientes estavam filmando o tratamento grosseiro e preconceito dela, ela mudou totalmente o tom, alegando que só tinha ido entregar a ficha com o número de roupas que eu estava levando para o provador, mas eu já tinha essa ficha, dizendo que eu só tinha uma peça”, explica.
Awdrey, que trabalha como secretária, diz que em meio à toda a situação, percebeu que estava sendo vítima de racismo, mas o caso não foi registrado assim na delegacia.
“Tinha pessoas brancas com a bolsa do mesmo tamanho da minha, mas a segurança só veio até mim. Acredito que pela cor da minha pele. Eu sou negra, assim como minha mãe e minha tia, que estavam comigo. Na delegacia, a segurança mudou o depoimento quatro vezes; cada hora, contava uma versão diferente. Infelizmente, o caso acabou sendo registrado apenas como constrangimento, não como racismo”, explica.
As feridas na pele de Awdrey foram causadas pelo estresse do momento do constrangimento racista que sofreu na loja, por conta de uma condição autoimune que a moça tem. “Eu sofro de uma doença autoimune, a psoríase, que causa feridas na pele. Por conta do estresse, elas se agravaram; meu corpo está tomado por essas lesões, vermelhas e em carne viva. Eu nunca pensei que iria passar por isso. Na hora, fiquei muito nervosa e passei mal; até todo entender a situação, todos me olhavam como se eu estivesse errada. Hoje, quando relembro, sinto indignação, porque acho que nada justifica o que ela fez; foi totalmente agressiva, mal educada e preconceituosa”, diz;
Em nota, a empresa informou que a funcionária que fez a abordagem “já não faz mais parte do quadro de colaboradores da companhia”. Disse ainda que a “abordagem realizada foi totalmente inadequada e não está alinhada aos valores da Lojas Renner”.
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