Segundo o relatório da ‘Rede Nossa São Paulo’, os bairros paulistanos com as maiores proporções de pessoas que se autodenominam pretas e pardas acumulam os maiores números de mortes decorrentes da covid-19. O mesmo paralelo se dá em relação à moradia: os distritos que mais possuem favelas em relação ao total de domicílios concentram mais vítimas do que os bairros que não registram moradia irregular.
Os dados foram compilados a partir do Mapa da Desigualdade de 2019 e dos registros da prefeitura da capital de mortes pelo coronavírus por bairro. Os termos preto e pardo são usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em suas pesquisas.
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Os bairros com o maior número de mortes são:
Sapopemba (zona leste) – 300 mortes
Brasilândia (zona norte) – 277 mortes
Grajaú (zona sul) – 267 mortes
Jardim ngela (zona sul) – 240 mortes
Capão Redondo (zona sul) – 237 mortes
“São regiões que, além de mais vulneráveis, despertam menos atenção do ponto de vista do poder público, tanto estadual quanto municipal. E não é só ter o equipamento [hospitais, UBS, UPA], a eficiência da saúde pública passa pelo investimento nas equipes”, argumenta a médica Carolina Castiñeira, diretora do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo).
Três dos bairros que elencam o maior número de mortes por covid-19 em São Paulo (Jardim ngela, Grajaú e Capão Redondo) estão também entre os oito distritos com maior número proporcional de população preta e parda na cidade.
A média em São Paulo é de 32,1%. Todos os cinco bairros estão acima desta média, o único entre eles que não tem maioria de negros é Sapopemba.
Proporção de pretos e pardos:
Jardim ngela (zona sul) – 60,1% e 240 mortes
Grajaú (zona sul) – 56,8% e 267 mortes
Capão Redondo (zona sul) – 53,9% 237 mortes
Brasilândia (zona norte) – 50,6% e 277 mortes
Sapopemba (zona leste) – 41,7% e 300 mortes
Entre os dez bairros mais atingidos pela pandemia, com a maior concentração de casos e mortes, sete estão na zona sul da capital. O Grajaú é considerado o principal vetor da região; ontem, uma pesquisa epidemiológica feita pela Prefeitura de São Paulo projetou o distrito com o maior número de casos. As autoridades estimam que 11.032 tenham o vírus no bairro, com 93,6% dos casos considerados leves.
Com cruzamento feito pela Rede Nossa SP, a correlação entre o número de favelas, proporcionalmente ao total de domicílios de cada bairro, e o número de casos e mortes em decorrência da covid-19. Cinco dos dez bairros com os maiores índices de vítimas da doença também figuram entre os bairros com proporção de habitações irregulares.
São eles:
Brasilândia – 277 mortos e 29,7% de favelas
Sacomã – 226 mortos e 27,98% de favelas
Capão Redondo – 237 mortos e 27,66% de favelas
Jardim ngela – 240 mortos e 25,83% de favelas
Jardim São Luis – 235 mortos e 24,09% de favelas
Os 11 distritos que não reúnem domicílios em favelas, de acordo com dados oficiais, têm baixo número de óbitos por Covid-19, em comparação com a média da cidade. São eles: Alto de Pinheiros, Bela Vista, Brás, Cambuci, Consolação, Jardim Paulista, Moema, Perdizes, República, Santa Cecília e Sé”, diz a Rede Nossa SP, estabelecendo o contraponto nos bairros ricos.
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