Uma pesquisa recente realizada pela Globo, intitulada “O que falta para reinar? As Dimensões do Consumo Afro-Brasileiro”, revelou dados alarmantes sobre a experiência da população negra durante compras presenciais no Brasil. Os resultados, divulgados durante o Festival Negritudes Globo, destacam que 79% dos consumidores negros acreditam que a discriminação racial vivida durante as compras afeta diretamente sua saúde mental e autoestima.
A pesquisa, que ouviu 1667 pessoas com mais de 18 anos e pertencentes às classes ABC, identificou uma série de impactos significativos da discriminação racial no comportamento de compra da população negra no país. De acordo com o estudo, a discriminação racial tem levado a mudanças nos hábitos de consumo das pessoas negras:
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- 54% dos entrevistados afirmaram evitar estabelecimentos ou departamentos onde se sentiram discriminados racialmente;
- 53% relataram que deixaram de frequentar locais comerciais após experienciarem discriminação racial;
- 49% decidiram não consumir determinados serviços, produtos ou marcas após vivenciarem o racismo;
- 35% dos entrevistados passaram a fazer compras online para evitar situações de discriminação racial em lojas físicas.
Além disso, 37% dos consumidores negros admitiram já ter alterado sua forma de se vestir e/ou estilo de cabelo para evitar constrangimentos em estabelecimentos comerciais.
A pesquisa também revelou que, na maioria das situações de compra, mais pessoas negras relatam ter vivido ou presenciado discriminação racial, muitas vezes com motivação racial. 70% dos negros entrevistados afirmaram ter sido seguidos em lojas ou terem testemunhado alguém sendo seguido por funcionários ou seguranças, com quase sete em cada dez deles atribuindo isso ao racismo. Entre os brancos que responderam, a porcentagem foi menor (60%), e menos da metade declarou que isso ocorreu devido à cor da pele.
Outro dado preocupante é que 45% dos negros e 37% dos brancos já foram questionados se tinham dinheiro para pagar pelos produtos ou serviços em questão, com uma porcentagem significativamente maior de negros (65%) acreditando que isso era devido a uma atitude racista, em comparação com os brancos (53%).
A pesquisa inédita foi conduzida em parceria com diversos pesquisadores negros e consultores especializados em áreas como economia, jornalismo, comunicação, cultura criativa e antropologia, entre outros. A partir dessas descobertas, tornou-se evidente como a jornada de consciência racial impacta o comportamento de compra da população negra. À medida que o poder aquisitivo aumenta, os objetivos financeiros também evoluem, indo desde a preocupação com o acesso ao mínimo até a intenção de apoiar afroempreendedores, reforçando um senso de comunidade.
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