A menopausa, uma etapa inerente ao ciclo de vida feminino, traz consigo transformações significativas no corpo e na pele. Enquanto esse período de transição hormonal afeta todas as mulheres, é fundamental reconhecer que as peles negras possuem características únicas que requerem atenção especial durante a menopausa.
A pele negra é conhecida por sua rica pigmentação, que confere maior proteção natural contra os danos causados pela exposição solar. No entanto, durante a menopausa, essa proteção pode diminuir gradualmente devido à redução na produção de melanina, tornando a pele mais suscetível aos raios UV prejudiciais. Além disso, a pele negra possui maior quantidade de colágeno e elastina, conferindo uma aparência mais jovem e reduzindo a formação de rugas. Contudo, com as alterações hormonais típicas da menopausa, a produção dessas proteínas pode diminuir, levando a mudanças na elasticidade e firmeza da pele.
Notícias Relacionadas
Suco de Axé: Meninos Rei celebra a essência da Bahia com desfile inesquecível na SPFW
Met Gala 2025 reúne Pharrell, LeBron e Hamilton e nomes da moda e cultura
Outra particularidade das peles negras é sua tendência a desenvolver hiperpigmentação e manchas escuras, especialmente quando expostas ao sol. Durante a menopausa, devido à maior sensibilidade da pele e a possíveis flutuações hormonais, essas condições podem agravar-se, tornando o cuidado e a prevenção de manchas ainda mais relevantes.
Diante desses desafios específicos, é fundamental que mulheres de pele negra adotem uma rotina de cuidados com a pele na menopausa que seja adequada às suas necessidades individuais. Este texto abordará cuidados essenciais e estratégias para preservar a saúde e a vitalidade da pele negra nessa fase. Além disso, destacará a importância do uso de produtos formulados especialmente para peles negras e a consulta a profissionais especializados para uma abordagem personalizada e eficaz.
Ao compreender e abordar as particularidades das peles negras durante a menopausa, as mulheres poderão enfrentar essa fase da vida com confiança e orgulho, mantendo a beleza e a resiliência que tornam a pele negra tão única e especial. A dermatologista, Dra. Julia Rocha, contou para o Mundo Negro quais cuidados podem ser adotados.
Mundo Negro – Quais os cuidados que as mulheres negras precisam ter com a pele quando entram na menopausa?
Dra. Julia Rocha – De um modo geral, orientamos que as etapas da limpeza, fotoproteção e hidratação para o rosto e corpo estejam presentes, e sempre que possível essa rotina deve ser feita por um dermatologista.
A fotoproteção inclusiva é pauta indispensável, e cada vez mais vem ganhando robustez científica comprovando as necessidades inerentes a cada tom de pele. Muitas das queixas dermatológicas trazidas por mulheres negras na menopausa, guardam relação com a não utilização do protetor solar ao longo dos anos que antecederam essa fase. Vem sendo cada vez mais evidenciado que indivíduos de pele negra são mais sensíveis aos danos causados pela luz visível e pela Radiação Ultravioleta A (principalmente a Radiação Ultravioleta A de longo comprimento). Esses subtipos de radiações são capazes de induzir as alterações de pigmentação (“manchas”) principalmente na pele negra.
As alterações no perfil hormonal que presenciamos nesta fase, como a queda dos níveis de estrogênio, podem impactar na pele. Além de uma hidratação reduzida, passamos por um processo de redução do colágeno. Rugas, linhas de expressão, flacidez e perda do tônus, são queixas trazidas em menor frequência por mulheres negras, no entanto, nesta fase, as mesmas tornam-se mais frequentes. O que também observamos é que a percepção da presença de manchas na pele torna-se uma queixa comum nesta etapa da vida. Tal queixa, está intimamente ligada ao acúmulo dos danos causados pelas radiações ao longo dos anos. O melasma, as hipercromias pós-inflamatórias, as ceratoses seborreicas e as dermatoses papulosas nigras, são as “manchas”/lesões com coloração mais acentuada que surgem com maior frequência nessa fase.
Na etapa da limpeza, chamo a atenção para o seguinte ponto: Pessoas negras tendem a possuir a pele mais oleosa, em função da presença de glândulas sebáceas maiores e mais ativas na produção do sebo. No entanto, na menopausa, podem experimentar uma redução no grau da oleosidade. Ressalto que isso não é uma regra, pois a pele pode continuar oleosa mesmo após a menopausa.Como o mais frequente é que a pele caminhe para um pólo de menor predisposição à oleosidade, recomendo evitar produtos muito secativos e preferir aqueles que possuam ativos hidratantes e calmantes.
Para a Hidratação corporal produtos ricos em ceramidas, manteiga de karité, niacinamida, vitamina E, e lactato de amônio podem ajudar.
Quanto às rugas, linhas de expressão, flacidez e perda do tônus, produtos que possuam ativos como os antioxidantes (vitamina C e E), ácido hialurônico, tensores (como o DMAE e tensine), além daqueles que atuam na renovação celular ( como os retinóides), podem auxiliar.
MN – É possível controlar a queda de colágeno neste período? Como isso pode afetar a saúde?
JR – A partir dos 20-25 anos de idade, ainda que pequena, iniciamos uma perda gradual do colágeno. Após a menopausa, essa perda se intensifica significativamente.
Fotoexposição sem proteção, alimentação não balanceada, dietas com restrições proteicas intensas, tabagismo e estresse são alguns dos fatores externos que influenciam na perda do colágeno. Lembro que o uso do protetor solar adequadamente é uma importante ferramenta que minimiza a degradação das fibras colágenas e elásticas.
O ácido retinóico e seus derivados, os alfa-hidroxiácidos, a vitamina C e a niacinamida, podem auxiliar no aumento da produção de colágeno. Vale ressaltar que os mesmos só devem ser usados com orientação médica antes de serem incorporados na rotina.
A flacidez e a perda de tônus decorrentes da queda de colágeno também podem ser tratadas através de procedimentos estéticos. Os bioestimuladores de colágeno estimulam a produção do colágeno pela própria pele, atuando na firmeza e melhora do tônus. O tratamento com o ultrassom microfocado também induz a produção de colágeno na camada mais profunda da pele, além de atuar nas camadas musculares, que ao sofrerem contração, levam ao efeito de lifting não-cirúrgico.
Notícias Recentes
Netflix anuncia documentário sobre trajetória de Mike Tyson
ONU lança Segunda Década Internacional de Afrodescendentes com foco em justiça e igualdade