O ator e cantor Thiago Thomé (43) lançou nesta sexta-feira (31), o primeiro episódio do seu novo álbum “Para Pretos, Pardos e Simpatizantes”. A primeira parte do novo trabalho do músico chega às plataformas digitais referenciada pelas vivências de Thomé na escola de samba e, principalmente, no Candomblé, onde ele teve um encontro íntimo com o tambor.
Para o Mundo Negro,Thiago Thomé explicou quem são os simpatizantes a quem se refere no nome do seu novo disco de trabalho. “Simpatizantes são todas as pessoas não negras que se identificam, que entendem as mazelas da sociedade nesse âmbito antirracista, dentro dessa estrutura que se organiza, para nos impedir de ter acesso a coisas básicas como educação, saúde, moradia, direitos esses que nos foram negados desde a construção desse país. Então pessoas não negras que entendem toda essa complexidade e que fazem algum movimento para que isso gere um ato de melhora”, disse.
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Na noite da última quinta-feira (30), o músico realizou uma audição para apresentar a primeira parte do novo trabalho para um público selecionado seu novo trabalho. sobre esta fase, Thiago diz que está bastante ligada à sua religiosidade. “Primeira fase do disco é uma fase muito religiosa, né, eu falo de Ogum, falo de Oxum, falo de Iansã. Falo de Omolu, falo de Iemanjá, falo de Xangô, então é uma parte muito religiosa, afrocêntrica também porque na música “Atotô, meu amor” eu trago Obaluaiê no lugar de cura para o amor preto. Na música “Ama Lá”, eu trago Xangô como justiceiro, para dar justiça a uma injustiça cometida, então, essa primeira parte vem muito trazendo esse lugar”, disse.
“Para Pretos, Pardos e Simpatizantes” está sendo lançado em duas partes, ou dois episódios. O primeiro contém 4 faixas, a de trabalho, “Atotô, meu Amor” foi gravada com a noiva Bárbara Carine, e as demais são “Quatro búzios para cima”, “Pra te namorar” e “Ama lá”, todas com composições que destacam temas de Matrizes Africanas, Antirracismo, Amor Preto, Afrocentrismo, Afrofuturismo e afins. A segunda parte do trabalho deve ser lançada em julho deste ano.
Convidada para escutar a faixa de trabalho, a atriz Léa Garcia deu suas impressões sobre o que ouviu, em um vídeo que será publicado nas redes sociais do cantor na próxima quinta-feira, 6 de abril. “Essa música reflete toda a influência do sistema eurocentrista em cima da população negra”, disse. “Só o afrocentrismo cura e através da nossa ancestralidade que são os orixás”, disse ela em um trecho da declaração.
Ao nomear seu trabalho como um projeto de música ancestral, Thiago Thomé também traz uma “diversidade rítmica” para seu disco que inclui vivências do cantor dentro da escola de samba e no próprio Ilê Ayê, bloco afro tradicional da Bahia que seu pai frequentava. “A diversidade rítmica do disco se dá pela minha historicidade mesmo. Que é a escola de samba, mais precisamente a Mangueira, por eu ser aqui do Rio de Janeiro, que é minha escola do coração, onde eu já fui integrante. Do Ilê Ayê, que é o primeiro acesso que eu tenho aos blocos afros de Salvador, é pelo Ilê Ayê, por conta do meu falecido pai. E claro, que depois o ingresso no candomblé também, que aí você vai tendo acesso aos toques, à história das divindades, à música correspondente, então acho que isso tudo faz eu chegar nesse momento aqui”.
Sobre sons ancestrais muito presentes em seu novo trabalho, Thomé é enfático ao dizer que o tambor é a “maior referência”. “Eu acho que o tambor, né. O tambor pulsa muito em mim de várias formas ao longo da vida. Os meus primeiros instrumentos foram percussões. As percussões de samba, depois eu vou pro cavaquinho, depois eu vou para o violão, mas esse agora, de uns anos para cá, que eu começo a frequentar o candomblé. Deve ter 8 anos, que eu descubro que eu sou Ogã, que eu começo a tocar e aprender os toque e entender. Acho que foi um preparo para chegar nesse lugar aqui, agora. Acredito muito nisso.”, contou. “Então eu entendo que minha maior referência para esse trabalho mesmo é o tambor”, conclui.
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